SIC detém grupo de chineses que usava um hotel no Benfica para práticas de fishing, extorsão, chantagem e burlas
O Serviço de Investigação Criminal (SIC) deteve, no último fim-de-semana, um grupo de nove cidadãos chineses e um ugandês, que, instalados no Hotel Diamond Black, situado no bairro Kifica, no distrito Urbano do Benfica, se dedicavam à prática de jogos ilícitos, fishing, extorsão, chantagem e burlas através da rede social WhatsApp.
De acordo com uma nota do SIC, a que este portal teve acesso, os detidos estão a ser acusados dos crimes de prática ilícita de jogos, jogo fraudulento, coacção à prática de jogos, falsidade informática, associação criminosa, branqueamento de capitais e burla.
O porta-voz do SIC, superintendente chefe Manuel Halaiwa, citado na nota, diz que o hotel, que parecia estar encerrado, foi equipado com material informático e transformado num ‘quartel-general’ de embustes.
Os actos incluíam a criação de perfis falsos para conseguir amizades com ‘cidadãos portugueses bem posicionados’ e obter destes o número do WhatsApp, para fishing — uma técnica de engenharia social usada para enganar usuários de internet usando a fraude electrónica para obter informações confidenciais, como nome de usuário, senha e detalhes do cartão de crédito —, extorsão e burlas mediante o acesso a chamadas através da mesma plataforma e de vídeo-chamadas.
As actividades de jogos eram direccionadas a cidadãos brasileiros, que eram persuadidos a aderir a uma plataforma de jogos designada por LNBet, mediante a promessa de recebimento de bónus em dinheiro pela adesão.
As manobras, segundo Manuel Halaiwa, eram realizadas em várias salas que compõem o referido hotel, sendo que os ardis [ferramentas de armação] eram utilizados pelos muitos trabalhadores do esquema gerido pelos nove chineses e o cidadão ugandês.
O porta-voz do SIC conta que numa das salas, equipada com apenas um computador, os burlões “recorriam à inteligência artificial para mudar os rostos das funcionárias da empresa para as tornar mais atraentes durante a interacção em vídeo-chamadas, sobretudo com cidadãos portugueses, que aceitavam amizades no Facebook. Por essa via, sofriam vários golpes como burlas e acesso ilegítimo às suas contas bancárias.
No local foram ainda encontrados 38 funcionários angolanos que recebiam um salário mensal que variava entre os 120 e os 150 mil kwanzas, tendo como horário de trabalho das 10h00 às 22h00.
Durante a operação, foi apreendido todo o material informático encontrado no hotel e diligências estão em curso para deter outros elementos envolvidos nos referidos esquemas fraudulentos.
As pessoas agora detidas vão ser presentes ao Ministério Público para procedimentos legais e na sequência ao juiz de garantias para aplicação das medidas de coacção pessoal.