São Tomé e Príncipe. Investigadas agressões a detidos mortos após ataque ao quartel
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas são-tomense disse este domingo, 27, que os três atacantes do quartel morreram após uma explosão e o suspeito Arlécio Costa faleceu porque “saltou da viatura”, mas garantiu uma investigação às alegadas agressões aos detidos.
“O quartel de Morro foi deliberadamente atacado e reagimos, em defesa legítima, na defesa do Estado de Direito, da democracia e em respeito do direito de todos”, declarou o brigadeiro Olinto Paquete, em conferência de imprensa hoje de manhã em São Tomé, sobre o assalto ao quartel militar, na madrugada de sexta-feira, em que morreram três dos quatro atacantes e um suspeito.
“Infelizmente, perderam-se quatro vidas humanas, que tentámos ao máximo preservar. Três, resultantes de ferimentos provocados pelos impactos da carga explosiva, e a quarta morte, o senhor Arlécio Costa, segundo informações dos presentes, saltou da viatura e caiu. Foram levados ao hospital central, mas não resistiram”, disse.
O brigadeiro adiantou que “de forma a apurar os factos e chegar à verdade sobre a morte do senhor Arlécio Costa, o inspector-geral das Forças Armadas foi orientado para instaurar um processo de averiguação”.
Posteriormente, questionado se os militares “espancaram os detidos” — face a fotografias que têm circulado nas redes sociais que mostram os homens ensanguentados e com marcas de agressão —, Olinto Paquete disse desconhecer, mas que haverá uma investigação.
“Não posso assegurar, não estive lá presente. Eis a razão por que foi orientado o inspector-geral e a sua equipa para processos de averiguação. Não podemos falar de coisas que não temos ainda”, declarou.
Na madrugada de sexta-feira, quatro homens atacaram o quartel das Forças Armadas, na capital são-tomense, num assalto que se prolongou por quase seis horas, com intensas trocas de tiros e explosões, e em que fizeram refém o oficial de dia, que ficou ferido com gravidade devido a agressões.
O ataque foi neutralizado pelas 06h00 locais (07h00 em Luanda) de sexta-feira, com a detenção dos quatro assaltantes e de alguns militares suspeitos de envolvimento na acção. Foram também detidos pelos militares o ex-presidente da Assembleia Nacional Delfim Neves (que concluiu o mandato no início deste mês) e Arlécio Costa, antigo oficial do ‘batalhão Búfalo’ que foi condenado em 2009 por uma tentativa de golpe de Estado, alegadamente identificados pelos atacantes como mandantes.