Quénia. Chefe da polícia arrisca pena de prisão por causa de sequestros
O inspector-geral interino da polícia queniana terá de cumprir uma pena de prisão de seis meses se não responder em sete dias a citações judiciais relacionadas com sequestros, decidiu hoje um tribunal da capital, Nairobi.
Gilbert Masengeli foi considerado culpado de “desrespeito ao tribunal” por não ter respondido a seis citações do mesmo tribunal, que está a julgar um caso de desaparecimento de três homens em que há suspeitas de envolvimento de agentes da polícia.
“Masengeli é condenado a seis meses de prisão”, declarou o juiz Lawrence Mugambi, sublinhando que suspendia a pena ‘durante sete dias’.
“O inspector-geral interino pode redimir-se, comparecendo pessoalmente perante este tribunal para responder às perguntas que evitou. Se isso não acontecer, a sentença tornar-se-á automaticamente executória”, explicou o juiz.
A Law Society of Kenya, a principal associação de advogados do país, apresentou a queixa depois de ter recolhido provas de que os três homens desapareceram a 19 de Agosto na cidade de Kitengela, a cerca de 30 quilómetros a sul de Nairobi, depois de terem sido levados pela polícia.
Os indivíduos tinham participado em manifestações com as quais se procurava denunciar os desaparecimentos ocorridos durante as manifestações anti-governamentais de Junho.
A Autoridade Independente de Supervisão da Polícia está a investigar denúncias de detenções ilegais, sequestros e desaparecimentos na sequência dessas manifestações, durante as quais pelo menos 60 pessoas foram também mortas, segundo as organizações não-governamentais.
O inspector-geral adjunto, Gibert Masengeli, está a actuar como inspector-geral interino até que a nomeação do seu superior, Douglas Kanja, seja aprovada pelo Parlamento.
Kanja foi nomeado em 25 de Julho pelo Presidente, William Ruto, na sequência da demissão de Japhet Koome, fortemente criticado pela forma como geriu as manifestações de Junho.