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Primeira-dama e filhos com dupla nacionalidade e JLo averbado à naturalidade portuguesa da mulher

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Quando num fervoroso discurso realizado no mês de Julho deste ano, em Menongue, na província do Kuando Kubango, João Lourenço se jogou contra o seu mais directo adversário político, criticando-o por ter estado associado à titularidade da nacionalidade portuguesa, nada previa crer que no seio da família presidencial o tema da dupla nacionalidade fosse um assunto latente, tanto quanto capaz de gerar os mesmos incómodos ao próprio Presidente da República, como o foi com o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior.

Alguns diriam que o “peixe morre pela boca”, e outros, mais cáusticos e inspiradores de polémicas, optariam por uma alusão que talvez tomasse um carácter mais judicativo e manhoso: “quem semeia ventos, colhe tempestades”, para se referirem que João Lourenço jogou ao ventilador um ‘falso problema’ que ele próprio conhecia por dentro, talvez à dimensão do conhecimento que detém da palma da sua mão, já que no seu ‘rebanho’ são conhecidos aqueles que já detinham a nacionalidade portuguesa que inspirou duras críticas ao seu principal oponente nas eleições de 24 de Agosto.

“Os candidatos do MPLA à Presidência da República, Vice-Presidência e deputados não têm dupla nacionalidade e não foram desonestos com o povo. Os partidos onde os políticos são apenas angolanos a escolha é óbvia, chegou a afirmar naquele mês de Julho, quando, num gesto político, quis fazer notar ao eleitorado do MPLA naquela região do país de que com o seu partido e com ele à cabeça o país estaria entregue a pessoas que só detinham uma única nacionalidade e que estes não corriam o risco de hoje estarem deste lado e amanhã do outro.

“Hoje estão a concorrer nessas eleições [Angola], amanhã vão poder concorrer às eleições nos outros países [Portugal], porque esses candidatos não são só cobardes como são também desonestos”, atirou o líder do MPLA, acrescentando: “Por isso, o MPLA é a escolha óbvia, porque não tem candidatos com dupla nacionalidade”.

Entretanto, informações reveladas esta segunda-feira, 22, pelo Club-K e a cujo conteúdo o !STO É NOTÍCIA também teve acesso, apontam que a primeira-dama da República, Ana Dias Lourenço, a 14 de Julho de 1995, numa altura em que exercia o cargo de chefe de investimentos do Departamento do Ministério do Planeamento de Angola, adquiriu a nacionalidade portuguesa, por via de laços de consanguinidade que a ligavam ao avô paterno, Aurélio Afonso Dias, cidadão português, nascido na freguesia de Avelar, no distrito de Leiria.

À nacionalidade portuguesa de Ana Dias Lourenço, revelam os documentos consultados pelo !STO É NOTÍCIA, foi também associado, por força de um averbamento produzido pela Conservatória dos Registos Centrais de Lisboa, sob o assento n.º 19401/2013, o actual Presidente da República, João Lourenço, candidato à sua própria sucessão à Presidência da República, o que o habilitaria, em termos formais, ao estatuto de cidadão português, caso formalizasse.

O referido averbamento ocorreu a 1 de Novembro de 2013, isto é, quatro anos antes de João Lourenço ter chegado à Presidência da República e 12 anos depois de Ana Dias Lourenço ter adquirido a nacionalidade portuguesa.

Casados desde 6 de Setembro de 1986, João Lourenço e Ana Dias Lourenço têm também no agregado familiar filhos com a nacionalidade portuguesa adquirida:  Cristina Giovanna Dias Lourenço, cujo assento de nascimento, n.º 44262, foi passado pela Conservatória dos Registos Centrais de Lisboa, aos 25 de Outubro de 2015.

Jéssica Lorena Lourenço, titular do assento de nascimento n.º 45284, passado pela Conservatória dos Registos Centrais de Lisboa, aos 24 de Outubro de 2016; e Henrique Manuel Pires Lourenço ‘Iko’, filho de João Lourenço com a cidadã Paula Maria Fernandes Pires, cuja nacionalidade portuguesa foi adquirida dois anos depois de o pai ter chegado ao poder.

‘Iko’ é geólogo de formação e foi a 21 de Outubro de 2019 que obteve o seu assento de nascimento português (n.º 1443) através do Consulado de Portugal em Luanda.

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