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PR bem tentou mas trabalhadores não desarmaram. Sindicalistas garantem paralisação quase total no arranque da segunda fase da greve geral

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Apesar da aprovação de um aumento salarial para a Função Pública na ordem dos 30 mil kwanzas, os trabalhadores não desarmaram e arrancaram mesmo com a segunda fase da greve geral, suspendendo quase na “totalidade” todas as actividades, de acordo com as centrais sindicais, que acusam o governo de estar “indiferente” às famílias angolanas que não conseguem ter três refeições por dia.

“Os colegas perceberam a mensagem e se percorrerem os hospitais, escolas, repartições públicas, notários, [serviços de identificações], tribunais, há de facto uma paralisação total”, disse nesta segunda-feira, 22, Teixeira Cândido, um dos porta-vozes das centrais sindicais.

Pelo menos no sector na educação, a paralisação é total, sendo que os estudantes tiveram que regressar a casa. Nos sectores da saúde e da justiça, os serviços mínimos estão a ser prestados, ao passo que os médicos estão a atender apenas casos graves e consultas já agendadas.

Teixeira Cândido afirmou que a greve não resulta de uma mera vontade dos trabalhadores angolanos, mas sim da “indiferença do governo angolano perante as preocupações constantes do caderno reivindicativo das centrais sindicais”.

Os trabalhadores cumpriram, nesta segunda-feira, 22, o primeiro dia da segunda fase da greve geral interpolada, convocada pela Força Sindical, União Nacional dos Trabalhadores de Angola – Confederação Sindical (UNTA-CS) e pela Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), que vai até ao dia 30 do corrente mês.

O aumento do salário mínimo, ajuste do salário da função pública e redução de impostos estão entre as exigências no caderno reivindicativo remetido ao Presidente João Lourenço, em Setembro de 2023.

Para Teixeira Cândido, também secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), o governo está “indiferente” às preocupações dos trabalhadores, “razão pela qual não negoceia e não tem apresentado propostas que se aproximem minimamente às exigências das centrais sindicais”.

“Esta é uma resposta ao custo de vida, pela incapacidade de não podermos prover à nossa família com o mínimo durante 30 dias. Esta é a realidade transversal, de Cabinda ao Cunene, hoje é um luxo ter três refeições por dia”, lamentou o sindicalista.

No caderno reivindicativo, as três centrais sindicais exigiam inicialmente o aumento do salário mínimo nacional, dos actuais 32 000 kwanzas, para 245 000 kwanzas, proposta já flexibilizada, entretanto, para 100 000 kwanzas, um reajuste do salário da Função Pública, na ordem de 250%, e a redução em 10% do Imposto sobre o Rendimento do Trabalho (IRT).

O executivo, por sua vez, decidiu propor um salário mínimo em função da dimensão da empresa, nomeadamente 48 000 kwanzas para as pequenas empresas, 70 000 kwanzas para médias empresas e 96 000 kwanzas para as grandes empresas, o que foi rejeitado pelos sindicatos.

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