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ONU alerta para perigosidade e aumento de mortes nas missões em África

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Uma pessoa morreu esta terça-feira, 6, em Beni, no leste da República Democrática do Congo (RDC), quando uma comitiva de veículos dos ‘capacetes azuis’ da ONU foi atacada e abriu fogo para abrir caminho.

“Infelizmente, uma bala perdida atingiu um motorista que morreu”, disse o porta-voz da polícia, Nasson Murara, em Beni, na província de Kivu do Norte, no leste do país, em declarações à agência de notícias France-Presse (AFP).

De acordo com a mesma fonte, o incidente aconteceu num contexto de um sentimento anti-ONU, cujo mais recente episódio é este bloqueio e ataque à comitiva dos ‘capacetes azuis’ da ONU.

Está a ser conduzida uma investigação por agentes policiais para “identificar os autores destes disparos”, acrescentou o porta-voz da polícia, que pediu paciência e lembrou o calendário acordado para a saída da Monusco (Missão de Estabilização das Nações Unidas na RDC) em 2024.

No final de Julho, houve manifestações violentas em várias cidades do leste da RDC, incluindo Beni e Butembo, para exigir a partida das Nações Unidas, acusadas de ineficácia na luta contra os cerca de uma centena de grupos armados que têm vindo a espalhar o terror na região há quase 30 anos.

Trinta e dois manifestantes e quatro soldados da paz foram mortos numa semana, de acordo com os números das autoridades congolesas.

No início de Agosto, o Presidente da RDC, Félix Tshisekedi, falou com o secretário-geral da ONU, António Guterres, para abordar a crise, confirmando que está em vigor um “plano de retirada faseado” para a Monusco até 2024.

A missão — cujo mandato foi renovado por mais um ano pelo Conselho de Segurança da ONU em Dezembro de 2021 — retirou as suas tropas da província oriental de Tanganica em Junho passado, na sequência de uma redução da violência na região.

Do mesmo modo, como resultado desta crise, o governo congolês anunciou numa carta tornada pública a 3 de Agosto a expulsão do porta-voz da Monusco, Mathias Gillmann, considerando que a sua “presença” não contribuiu para “favorecer um clima de confiança mútua e de serenidade”.

Os meios de comunicação congoleses atribuíram o descontentamento das autoridades às afirmações públicas de Gillmann sobre a falta de capacidade da missão e das forças armadas congolesas para lidar com o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23), um dos muitos que lutam no leste do país, mas com uma capacidade militar excecional.

O leste da RDC tem estado mergulhado em conflito desde 1998, alimentado por milícias rebeldes e ataques de soldados do exército, apesar da presença de Monusco, que conta com cerca de 14.000 militares.

LUSA

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