Moçambique. Paulina Chiziane vence Prémio Camões
A primeira mulher e escritora moçambicana a publicar um romance (em 1990), Paulina Chiziane, autora cuja narrativa esteve sempre voltada para crítica da história e traumas do seu país, é a vencedora do Prémio Camões 2021.
A escolha, feita por unanimidade, foi anunciada nesta quarta-feira, 20, pela ministra portuguesa da Cultura, Graça Fonseca. “No seguimento da reunião do júri da 33.ª edição do Prémio Camões, que decorreu no dia 20 de Outubro, a ministra da Cultura anuncia que o Prémio Camões 2021 foi atribuído à escritora moçambicana Paulina Chiziane”, lê-se na nota informativa.
A decisão do júri de atribuir por por unanimidade o prémio à escritora moçambicana Paulina Chiziane deveu-se à sua vasta produção e recessão crítica, bem como o reconhecimento académico e institucional da sua obra.
Na nota, o júri lembrou ainda a importância que a autora dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana. Foi também o trabalho recente de aproximação aos jovens de Paulina Chiziane — através da construção de pontes entre a literatura e outras artes — foi destacado.
A escritora moçambicana “está traduzida em muitos países e é hoje uma das vozes da ficção africana mais conhecidas internacionalmente, tendo já recebido vários prémios e condecorações”, conclui-se na mensagem.
O painel de jurados era composto pelos professores universitários Ana Martinho e Carlos Mendes de Sousa (Portugal), pelo escritor e investigador Jorge Alves de Lima e pelo professor universitário Raul César Fernandes (Brasil) e pelos escritores Tony Tcheka (Guiné-Bissau) e Teresa Manjate (Moçambique).
Já o Prémio Camões foi, na sua génese, instituído em 1988 por Portugal e pelo Brasil com o objectivo de distinguir um autor “cuja obra contribua para a projecção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum”.
O prémio consagra anualmente “um autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”.
Em 33 anos, é a terceira vez que o prémio é atribuído a um autor moçambicano, depois das distinções de José Craveirinha em 1991 e Mia Couto em 2013.
*Com o jornal Público