Líderes sindicais prevêem paralisação total de três dias na primeira fase da greve geral de 20 de Março
Os líderes das três principais centrais sindicais angolanas anunciaram, no último sábado, 9, que a greve, ora decretada para 20 de Março, vai decorrer em três fases, sendo que a primeira acontecerá em três dias, pelo que apelaram aos trabalhadores aderência total para que o país pare durante o período estipulado.
“A greve vai decorrer em três fases, com um primeiro período de três dias, entre os 20 e 22 de Março; um segundo, entre 22 e 30 de Abril; e um terceiro, de 3 a 14 de Junho de 2024”, anunciou o porta-voz dos sindicatos, o também médico Adriano Manuel.
As deliberações foram acordadas na última assembleia [sábado último], após uma série de reuniões plenárias convocadas pela Força Sindical, UNTA-Confederação Sindical e a Central Geral dos Sindicatos Independentes e Livres de Angola-CGSSILA, em todas as províncias do país, com o objectivo de auscultar os trabalhadores a propósito da resposta do governo ao caderno reivindicativo.
Em declarações à imprensa, Adriano Manuel sublinhou que os trabalhadores concluíram que o governo não respondeu de forma satisfatória às suas inquietações e decidiram, em assembleia geral, avançar para uma paralisação total.
Para “evitar” aproveitamentos e situações de conflitos, os sindicatos apelam aos trabalhadores a ficarem em casa, para que o país “pare por três dias”.
Em causa estão reivindicações relacionadas com a pretensão sindical de ver aumentado o salário mínimo nacional dos actuais 32.181,15 para 245 mil kwanzas, a subida dos salários da função pública em 250%, a actualização de subsídios e o desagravamento dos impostos.
“O governo diz que não tem dinheiro para pagar, mas não apresenta nenhum projecto devidamente estruturado para saber quando vamos recuperar o poder de compra. Não apresentou razões plausíveis para continuarmos a ser sacrificados e a usufruir este salário de miséria”, lamentou o sindicalista Adriano Manuel.
Adriano Manuel minimizou o recente aumento de 5% atribuído à função pública, equivalente a um acréscimo de 1600 kwanzas para um trabalhador que ganhe o salário mínimo e sublinhou que actualmente um saco de arroz custa 25 000 kwanzas.
O sindicalista salientou que têm crescido os problemas de mal-nutrição e tuberculose, e apontou um aumento generalizado da pobreza no país devido aos baixos rendimentos.
“Queremos uma greve pacífica. As pessoas devem ficar em casa. Conhecemos o nosso país e como determinadas instituições funcionam, com o objectivo de desacreditar o movimento sindical”, justificou, adiantando que os sindicatos mantêm as vias negociais abertas.