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Justiça suíça acusa Trafigura de ter pago suborno de quase 5 milhões de euros a um ex-CEO de uma subsidiária da Sonangol entre 2009 e 2011

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O grupo Trafigura, parte integrante do consórcio ao qual o Presidente João Lourenço entregou a construção do Corredor do Lobito, é acusado pela justiça suíça de ter subornado funcionários públicos angolanos em troca de benesses em variados negócios.

A Bloomberg, uma empresa norte-americana de tecnologia e dados para o mercado financeiro, avançou, nesta quinta-feira, 7, que a Trafigura reconheceu as imputações que lhe foram feitas, tendo admitido inclusive estar a ser objecto de uma investigação levada a cabo pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a propósito de “pagamentos impróprios” realizados no Brasil.

Em comunicado, citado pela Bloomberg e ao qual o jornal português Negócios teve acesso, o gabinete do procurador federal suíço diz que a Trafigura, através da sua unidade Trafigura Beheer BV, não tomou as medidas organizacionais necessárias para evitar o pagamento de subornos em Angola entre 2009 e 2011.

Segundo as autoridades suíças, a Trafigura transferiu 4,3 milhões de euros para uma conta bancária em Genebra e fez pagamentos em dinheiro de 604 mil dólares norte-americanos a um funcionário angolano entre Abril de 2009 e Outubro de 2011, relacionados com as suas actividades na indústria petrolífera do país.

Em troca, o funcionário angolano, ex-CEO de uma subsidiária da Sonangol, favoreceu a Trafigura em contratos de transporte marítimo, alega o procurador suíço.

Os alegados lucros da Trafigura com esses contratos ascenderam a 143 milhões de euros. De acordo com a lei suíça, a empresa enfrenta uma multa de até 150 milhões de euros.

“As acusações contra Mike Wainwright, que como director de operações da Trafigura integra há uma década o trio de liderança da empresa, tornam-no um dos mais altos negociantes de commodities a ser acusado de corrupção”, sublinha a agência de informação financeira norte-americana.

A Trafigura, operador independente de mercadorias e matérias-primas, especializado nos mercados de petróleo, minerais e metais, tem uma actividade diversificada em Angola. Por exemplo, faz parte do consórcio ao qual o Presidente João Lourenço adjudicou a construção do Corredor do Lobito e que integra também a Mota-Engil.

O general e empresário Leopoldino Fragoso do Nascimento (Dino) chegou a deter uma posição accionista na Trafigura que vendeu em 2021 por 400 milhões de euros. Até 2018, a Trafigura deteve no país o monopólio da importação de combustíveis.

Em Fevereiro deste ano, a Sonangol anunciou ter escolhido as multinacionais BP e Trafigura para fornecerem gasolina e gasóleo ao país por um período de 12 meses.

*Com jornal de Negócios/Celso Filipe  

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