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FMI revê em baixa previsão de crescimento do PIB angolano de 3,5% para 0,9% em 2023 devido à queda de produção do petróleo

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu em forte baixa a previsão de crescimento da economia angolana, que deve passar de 3,5% para 0,9% em 2023, devido à queda da produção de petróleo. Porém, aquele organismo considera adequada a capacidade de o país pagar à instituição financeira.

Na primeira avaliação do Conselho Executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), após o programa de assistência financeira, divulgada na terça-feira, 5, destaca-se a revisão em baixa de alguns indicadores, nomeadamente o PIB, que deverá abrandar para 0,9% este ano, face às previsões de 3,5% avançadas em Fevereiro.

Para esta revisão em baixa contribuiu o decréscimo do sector petrolífero, principal sustentáculo da economia nacional, com um recuo de 6,1%, quando se esperava um crescimento de 2% nas previsões de Fevereiro.

Segundo o FMI, com esse recuo acentuado, o avanço do sector não petrolífero para 3,4% — menos 0,9% do que o valor que perspectivado em Fevereiro — não serve para compensar as inclinações.

O Conselho Executivo do FMI destaca ainda que as reformas, bem-sucedidas, associadas aos preços do petróleo, suportaram a recuperação económica entre 2021-22, mas o declínio da produção petrolífera (de 1.205 milhões de barris/dia, previstos em Fevereiro, para 1.026 milhões de barris/dia) traz desafios significativos.

Esse recuo do sector petrolífero é justificado com as operações de manutenção temporária que se prolongaram entre finais de 2022 e o primeiro semestre deste ano.

Assim, o FMI prevê uma desaceleração do crescimento para 0,9% em 2023, devendo estabilizar em cerca de 3,4% no médio prazo, apoiado nas reformas estruturais e agenda de diversificação da economia assumida pelo executivo.

“Prevê-se que a inflação aumente temporariamente em 2023/24, devido ao aumento dos preços da energia relacionados com a reforma dos subsídios aos combustíveis, e que diminua posteriormente”, acrescenta a instituição internacional.

A descida dos preços e da produção do petróleo no primeiro semestre de 2023 reflectiu-se na diminuição das exportações e das receitas petrolíferas, com impacto nos sectores fiscal e externo, e na depreciação significativa das taxas de câmbio em Junho.

Na sequência da desvalorização cambial e remoção parcial dos subsídios aos combustíveis, a inflação aumentou em Junho para 11,3%, 15 meses depois de permanecer em permanente caída, e o Banco Nacional de Angola (BNA) respondeu restringindo as condições de liquidez.

O FMI espera um ajustamento fiscal moderado em 2023, e mais acentuado em 2024, devido ao corte nos subsídios aos combustíveis.

Apesar dos riscos elevados, a instituição financeira avança que a capacidade angolana para reembolsar o Fundo é adequada e que os pagamentos vão aumentar no médio prazo, atingindo um pico em 2026 e que a capacidade de reembolso é “gerível”, mesmo num cenário de choque significativo e prolongado.

“Medidas para mitigar este choque, incluindo permitir que a taxa de câmbio funcione como um amortecedor e racionalizar algumas despesas, seriam importantes num tal cenário”, aconselha o FMI.

Em jeito de conclusão, o Fundo diz que as autoridades angolanas devem também adoptar medidas de política fiscal para mobilizar receitas internas não petrolíferas e realizar mais progressos na agenda estrutural orçamental, incluindo a gestão das finanças e do investimento público.

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