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Família e chefe da escolta do ex-Presidente José Eduardo dos Santos confirmam que “não há testamento”

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O ex-Presidente da República José Eduardo dos Santos não deixou qualquer documento que ateste a distribuição equitativa do seu património aos potenciais herdeiros, dificultando a tarefa da justiça espanhola na batalha legal que envolve governo e a família.

Informações avançadas à Lusa por uma fonte próxima do processo, apontam que não existe nenhum testamento ‒ e isso foi já confirmado pelos familiares e pelo chefe da escolta com quem confidenciou durante os últimos 33 anos.

Segundo a mesma fonte, o antigo chefe de Estado era “pragmático” e “terá dado a cada um dos filhos aquilo que achava que cada um devia ter”, chamando “cada um a seu tempo”.

“Cada um dos filhos sabe perfeitamente o que ele deixou”, acrescentou, admitindo que “ainda muita água vai correr debaixo da ponte”, já que o antigo chefe de Estado não deixou por escrito a sua última vontade.

Duas facções da família Dos Santos disputam, na Vara de Família do Tribunal Civil da Catalunha, quem ficará com a guarda do corpo de José Eduardo dos Santos.

De um lado está Tchizé dos Santos e os irmãos mais velhos, que se opõem à entrega dos restos mortais à ex-primeira-dama Ana Paula dos Santos, e são contra a realização de um funeral de Estado antes das eleições gerais de Agosto próximo, para evitar aproveitamentos políticos;

Do outro está a viúva Ana Paula dos Santos e os seus três filhos em comum com José Eduardo dos Santos, que reivindicam também o corpo e querem que este seja enterrado em Angola nos próximos tempos.

A pretensão dos filhos de Ana Paula é apoiada pelo executivo que anunciou a intenção de fazer um funeral de Estado, mas teve de se contentar com sete dias de luto nacional e um velório sem corpo, enquanto a disputa prossegue nas instâncias judiciais, a quatro dias do início da campanha para as eleições gerais, tornando-se num facto político que está a marcar a corrida eleitoral.

Em entrevista no domingo a meios de comunicação social angolanos, o ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, que lidera a delegação que representa o Estado angolano, general Francisco Furtado, mostrou-se confiante num desfecho favorável, salientando que os cidadãos angolanos e a comunidade internacional querem ver “o problema resolvido”.

“Toda a nação angolana quer a presença do seu antigo líder no país para lhe render a merecida homenagem”, disse Francisco Furtado, sublinhando que se as autoridades espanholas tiverem em conta as razões que levaram o ex-Presidente a Barcelona “não haverá outro desfecho que não seja o regresso do corpo para Luanda”.

*Com a Lusa

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