Falta de divisas para importação do essencial obriga Grupo Castel a aumentar o preço da cerveja em 55% e prepara novos despedimentos para Julho
Depois de terem avançado em Maio que a falta de matéria-prima pressionava o nível desejado de produção de cerveja — o que obrigaria um aumento dos preços e o despedimento de trabalhadores —, os dois maiores produtores de bebidas no país, o Grupo Castel e a Refriango, anunciaram que o principal ‘culpado’ agora já não é a retenção dos insumos no entreposto aduaneiro, mas, sim, a escassez de divisas para a importação do essencial.
Fontes próximas à empresa contaram o jornal Valor Económico que desde o mês de Maio, período que se começou a registar as objecções, que os dois maiores produtores de bebidas do país enfrentam sérios desafios, devido à falta de matéria-prima, o que agora começa a agravar-se com a falta de divisas para importação dos insumos essenciais.
Diante do facto e em meio a dificuldades de produção que os mesmos enfrentam, o Grupo Castel e a Refriango acabaram por efectuar algumas alterações na tabela de preços para os grossistas.
O primeiro a avançar com os aumentos mais significativos, na semana passada, foi o Grupo Castel, ao passo que a Refriango lhe seguiu o ‘exemplo’ nesta quarta-feira, 12, depois de, na semana anterior, ter feito ligeiros ajustes que acabaram agora por ser ultrapassados.
A nível do grupo de origem francesa, a Castel, que se prepara para mandar novamente funcionários para casa em Julho, o maior aumento verificou-se nas cervejas (com garrafas retornáveis), sobretudo nos seus três principais produtos.
Com um salto de 55%, a grade de Cuca de 24 unidades saiu de 3 093,30 kwanzas para 4 795,72, ao passo que a embalagem de Eka registou um crescimento de 35,3%, ao sair de 3 543,24 para os 4 795,72 kwanzas. A Nocal subiu de 3 337,02 para 3 933,47 kwanzas, um incremento de 17,8%.
Já as embalagens com produtos enlatados, por sinal os preferenciais nas exportações, aumentaram 42,2%. Dos anteriores 5 761,56 kwanzas, a Cuca, Eka e a Nocal esticaram para os 8 196,14 kwanzas.
Recorde-se que o Grupo Castel foi forçado a encerrar temporariamente a fábrica da Nocal, redireccionando a produção para as unidades onde são produzidas a Cuca e a Eka. Além disso, a linha de enchimento de cerveja enlatada, que também é exportada, está a operar apenas uma vez por mês.
Estas restrições resultaram na demissão de cerca de 40 funcionários no mês passado, com a empresa a recorrer agora a trabalhadores temporários para reduzir custos laborais.
A Refriango enfrenta uma situação semelhante, com a sua principal marca de cerveja a ser produzida por uma única linha de enchimento. Esta limitação na capacidade produtiva tem causado escassez do produto no mercado, dificultando o seu fornecimento aos clientes.