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EUA. Trump foi considerado culpado de agressão sexual. O caso e os testemunhos

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Após um julgamento que durou duas semanas, o júri de um tribunal federal na cidade de Nova Iorque, considerou, nesta terça-feira, 9, o antigo Presidente dos Estados Unidos Donald Trump responsável por agressão sexual contra a jornalista E. Jean Carroll em 1996, determinando o pagamento à colunista de 5 milhões de dólares por danos compensatórios.

A decisão foi anunciada pelas 15h00 (20h00 em Luanda) depois dos jurados terem chegado a uma deliberação em menos de três horas.

O norte-americano de 76 anos optou por não comparecer no julgamento civil, mas referiu que nunca encontrou Carroll, de 79 anos, num vestiário de uma loja em Manhattan onde a teria atacado e não a conhecia.

O ex-Presidente norte-americano acusou-a ainda de ser uma “maluca” que inventou “uma história fraudulenta e falsa” para vender um livro de memórias.

Provas e testemunhos contra Trump

Durante o julgamento assistiu-se a alegações de comportamento inadequado de Trump para com mulheres e à reprodução do famigerado vídeo do canal ‘Access Hollywood’, no qual Trump se gabava de agarrar os órgãos genitais das mulheres sem pedir autorização.

Natasha Stoynoff, uma antiga redactora da revista People, testemunhou, entre lágrimas, que Trump a beijou à força, contra a sua vontade, enquanto lhe mostrava a sua propriedade de Mar-a-Lago, logo após o Natal de 2005, para um artigo sobre o seu primeiro aniversário de casamento com a terceira mulher, Melania.

O testemunho de Stoynoff ocorreu um dia depois de outra mulher, a antiga correctora da bolsa Jessica Leeds, ter testemunhado que o antigo Presidente norte-americano lhe apalpou os seios e tentou enfiar a mão na sua saia quando estavam sentados lado a lado num voo de uma companhia aérea no final dos anos 70.

O caso de E. Jean Carroll

Jean Carroll tornou públicas as suas acusações contra Donald Trump no seu livro de memórias de 2019. Carroll descreveu o encontro com Trump numa loja em Manhattan, em meados da década de 1990, onde Trump a atacou e violou num vestiário.

O antigo líder dos Estados Unidos acusou-a de inventar a história para promover o seu livro e, em resposta, ela processou-o por difamação. Carroll voltou a processá-lo em finais de 2022, desta vez por causa de publicações que Trump tinha feito nas redes sociais.

Agora, o júri concordou unanimemente que Trump era responsável por abuso sexual e agressão, e que também tinha difamado Carroll. De ressaltar que o júri não chegou a provar que Trump a violou.

Trump afirma veredicto “vergonhoso”

Após ter sido considerado responsável por agressão sexual sobre a colunista E. Jean Carroll, Trump considerou o “veredicto vergonhoso” numa mensagem furiosa, em letras maiúsculas, na sua rede social, Truth Social:

A mensagem na íntegra: “NÃO TENHO IDEIA NENHUMA DE QUEM É ESTA MULHER. ESTE VERECDITO É VERGONHOSO — UMA CONTINUAÇÃO DA MAIOR CAÇA ÀS BRUXAS DE TODOS OS TEMPOS!”.

No dia seguinte à posse de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos, em 2017, as mulheres foram para as ruas em protesto. Em vários estados de fúria e descrença, milhões de mulheres participaram na primeira Marcha das Mulheres.

Os mares de chapéus cor-de-rosa nas ruas da América e do mundo tentaram recuperar o poder e derrubar um homem que, no dia anterior, se tinha tornado um dos homens mais poderosos do mundo — e que se gabava, aberta e sem vergonha, sobre agredir mulheres.

Até ao momento, 26 mulheres acusaram o antigo Presidente norte-americano, mais uma vez aspirante a presidente. Da noite para o dia, pela primeira vez, cinco anos após o primeiro protesto, Trump foi responsabilizado por um deles.

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