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CEAST defende uma nova Constituição e critica instituições do Estado por continuarem reféns do MPLA

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A Comissão de Justiça e Paz da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) defende que “Angola necessita de uma nova Constituição” que possa atender às exigências da hora presente, uma vez que a prática dos dias actuais continua “a fazer com que as instituições do Estado sejam reféns do partido no poder”.

A posição é extraída da mensagem para a ‘Jornada Nacional de Reconciliação e Paz 2023’, realizada como parte das comemorações do Dia Nacional da Reconciliação e da Paz, celebrado entre entre meados do mês de Março e o dia 4 de Abril, feriado nacional em Angola.

Redigida pelo arcebispo do Lubango, Dom Gabriel Mbilingi, na qualidade de presidente da Comissão de Justiça e Paz da CEAST, a mensagem dos bispos chama a atenção para a perda de “credibilidade das instituições do país a nível nacional e internacional, por causa da corrupção e da impunidade”, apesar de os media estatais se esforçarem por “querer mostrar outra imagem de Angola”.

“Para essa ingente tarefa de edificação de uma paz com conteúdo para todos e cada cidadão deste portentoso país, Angola necessita de uma nova Constituição de acordo com as exigências da hora presente, pois a prática actual faz com que as instituições do país sejam reféns do partido no poder”, sublinha a mensagem da CEAST.

A ‘Jornada Nacional de Reconciliação e Paz 2023’, que se comemora este ano sob o lema ‘Aprendei a fazer o bem e buscai a justiça’, é um convite dos bispos à procura de um aprendizado com a escola da ‘Sagrada Escritura’, que “ensina a buscar a justiça em atenção aos mais vulneráveis”.

“Nesta jornada da reconciliação pretendemos convidar a uma introspecção e reflexão profunda sobre os males que nos afligem: mentalidade feiticista, ódio, intolerância, falta de transparência na gestão da coisa pública, busca incessante do poder a qualquer preço e a instrumentalização dos meios de comunicação públicos”, enumera a mensagem dos bispos católicos de Angola e São Tomé.

Para a CEAST, “a justiça é como um tesouro que deve ser procurado e desejado”, sendo o objectivo da acção pastoral a prática da justiça como uma forma de aprender a fazer o bem e a “captar a vontade de Deus, que é nosso bem”.

Na mensagem pastoral, a CEAST realça o facto de, 21 anos depois desde a assinatura dos Acordos de Paz, muitas coisas terem mudado no país, pelo que se celebram as conquistas alcançadas neste sentido. Entretanto, ressaltam os bispos, “inspirados nas palavras de São Paulo VI, que afirma que ‘o desenvolvimento é o novo nome da paz’, podemos também afirmar que ainda existe muito caminho por andar”.

“É verdade que a guerra aberta acabou, mas será que podemos afirmar que todos os angolanos e angolanas vivem segundo as exigências da dignidade humana? É verdade que o país, em termos económicos, cresceu nos últimos anos, mas podemos dizer que esse crescimento afecta, positivamente, todas as classes sociais do nosso país? Estas interrogações podem ser respondidas com honestidade por cada um de nós”, assinalam.

Todos os anos, desde 1996, a Igreja Católica de Angola celebra, no IV Domingo da Quaresma, o ‘Dia Nacional da Reconciliação’ e, desde 2019, a Comissão Episcopal de Justiça e Paz da CEAST organiza as Jornadas Nacional da Reconciliação e da Paz, com início no IV Domingo da Quaresma e com término no dia 4 de Abril, Dia da Paz e Reconciliação Nacional.

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