CEAST defende que é chegada a hora de pôr fim ao “sono anestesiante dos partidarismos, das militâncias fanáticas, da cultura da bajulação e da intriga”
O presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), José Manuel Imbamba apelou, nesta quarta-feira, 23, aos políticos angolanos a despertarem “do sono anestesiante” dos partidarismos, das militâncias fanáticas, da cultura da bajulação e da arrogância, e “redescobrirem a beleza e a ética da política”.
Dom Imbamba, que falava na abertura da II Assembleia Plenária Anual da CEAST, que decorre até segunda-feira, 27, em Luanda, disse que “é tempo de parar para um profundo exame de consciência nacional”, estando-se na véspera de Angola e São Tomé e Príncipe comemorarem 50 anos de independência.
“Angola precisa de despertar do sono anestesiante dos partidarismos, das militâncias fanáticas, da cultura da bajulação, da intriga, da arrogância, da desinteligência e da violência verbal”, apelou o bispo católico, defendendo que “é tempo de parar para um profundo exame de consciência nacional”.
“Superar os problemas cíclicos e injustificáveis” que se vivem e que mantêm a sociedade “permanentemente no aquém da cidadania responsável, participativa e inclusiva do desenvolvimento integral e do Estado republicano autêntico” é outro dos apelos que Dom Imbamba fez aos dirigentes angolanos e à sociedade no geral.
Para o responsável da CEAST por Angola e São Tomé e Príncipe “Angola precisa igualmente de despertar e se livrar da “violência física, psicológica e espiritual, da insensibilidade e do descompromisso com o bem de todos os cidadãos”.
“Há que ter coragem de demolir as bases ideológicas, culturais e axiológicas que não geram nem propagam a dignidade da pessoa humana, o convívio plural, a amizade social, a meritocracia e o consequente progresso humano, social, económico e cultural”, assinalou.
Para o também bispo de Saurimo, “há que ter coragem de se fazer flutuar mais a bandeira da pátria do que a dos partidos políticos”, “que só visam o poder pelo poder”, a fim de não afunilar, reduzir e condicionar a vida dos cidadãos nos partidos políticos”.
Dom Imbamba defendeu igualmente que o convívio social exige que cada um se sinta “sujeito activo na construção e transformação do edifício social, político, económico e cultural”.
“Em vez de dar vida à intolerância, ao orgulho e à prepotência, deve favorecer o diálogo fecundo, a humildade enriquecedora e compreensiva, em vez de promover o medo, a desesperança, o descrédito e o descompromisso, deve promover a segurança, a confiança, a esperança e o sentido de pertença”, apelou.