BNA decide manter taxas directoras face à desaceleração dos preços
O Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA) decidiu manter as suas principais taxas de juro, decisão justificada “pela necessidade de manutenção de condições monetárias adequadas à desaceleração do ritmo de crescimento dos preços na economia angolana e de redução das pressões inflacionistas no curto prazo”.
As medidas foram anunciadas na tarde desta quinta-feira, 19, pelo governador banco central, Manuel Tiago Dias, em conferência de imprensa, após reunião do referido comité, realizada em Luanda, que sinalizou a desaceleração da variação mensal do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN), iniciada em Maio passado, como uma das razões da decisão.
Deste modo, a taxa directora (conhecida como taxa BNA) mantém-se em 19,5%, bem como as de juro de cedência de liquidez em 20,5% e de absorção de liquidez em 18,5%.
Tiago Dias esclareceu que essas decisões se justificam pela necessidade de manutenção de condições monetárias adequadas à desaceleração do ritmo de crescimento dos preços na economia angolana e de redução das pressões inflacionistas no curto prazo.
A desaceleração do Índice de Preços no Consumidor Nacional teve início em Maio e manteve essa tendência até Agosto deste ano, “resultante da relativa melhoria da oferta de bens essenciais de consumo e da adequação do nível de liquidez à actividade económica”.
“A inflação no país fixou-se em 30,53% em Agosto, iniciando uma trajectória descendente que deverá prosseguir nos próximos meses”, observou Tiago Dias, citando dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), e motivado pelas “as condições actuais de liquidez e de oferta de bens essenciais de consumo”.
O stock de crédito à economia em moeda nacional atingiu os 5,12 biliões de kwanzas em Agosto, representando um aumento de 549,22 mil milhões de kwanzas se comparado ao stock observado em Dezembro de 2023, sendo que 88% deles foram concedidos pelos bancos ao abrigo do Aviso 10.
No sector externo, o saldo da conta de bens atingiu, em Agosto, 1,89 mil milhões USD, perfazendo um total de 15,63 mil milhões USD, isto nos primeiros oito meses do ano em curso, o que corresponde a um aumento de 18,02% (2,39 mil milhões USD) quando comparado com os primeiros oito meses de 2023.
Os dados publicados no site da instituição revelam ainda que o saldo superavitário da conta de bens tem sido estruturalmente atenuado pelos défices das contas de serviços, rendimentos e financeira.
A melhoria do superavit da conta de bens, de acordo com os dados, deveu-se ao efeito combinado da redução das importações (1,25 mil milhões USD) e o aumento das exportações (1,14 mil milhões USD).
O stock das Reservas Internacionais fixou-se em 14,73 mil milhões USD, o que corresponde a um grau de cobertura de 7,98 meses de importação de bens e serviços.
A próxima reunião do CPM acontece nos dias 18 e 19 de Novembro, em Ndalatando, província do Kwanza-Norte.