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Bloomberg reconhece Angola como uma das nações com mais dificuldades em pagar dívidas, mas descarta situação de incumprimento

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A unidade de análise da agência de informação financeira Bloomberg considera que nenhum país africano vai entrar em ‘incumprimento financeiro, pelo menos, não neste ano, citando Angola, Moçambique e Quénia como os países com mais dificuldade em pagar a dívida.

“Vários países africanos estão entre os mais vulneráveis relativamente aos pagamentos da dívida, mas não pensamos que nenhuma nação vá entrar em default; mesmo as três economias mais arriscadas – Angola, Moçambique e Quénia ‒ podem evitar o destino do Gana e da Zâmbia”, escrevem os analistas, nesta segunda-feira, 4, numa análise sobre o risco de incumprimento financeiro em 60 economias emergentes.

“Excluindo o Gana e a Zâmbia, que já entraram em default, Angola, Moçambique e Quénia estão entre os dez países mais arriscados, mas um olhar mais de perto sobre estes países mostra factores mitigadores em cada um deles”, acrescentam os analistas, salientando que “a maturidade do próximo título de dívida em Moçambique é em 2031, o Quénia tem o apoio do Fundo Monetário Internacional e o petróleo está a dar espaço de manobra a Angola”.

De acordo com a Bloomberg Economics, as elevadas taxas de juros, a depreciação das moedas, o abrandamento do crescimento e o aumento dos preços das importações aumentaram o risco de incumprimentos financeiros globalmente, mas especialmente na África subsaariana.

“Os incumprimentos financeiros na Zâmbia, em 2020, e no Gana, em 2022, podem levar a questões sobre quem se segue, mas a análise a nível dos países sugere que é improvável que haja mais incumprimentos para além destes dois países”, apontam os analistas.

Particularmente em relação aos dois países lusófonos, os especialistas dizem que a favor de Moçambique joga o facto de o rácio da dívida face ao Produto Interno Bruto (PIB) ter descido de 126%, em 2016 — no auge do escândalo das dívidas ocultas —, para 90% do PIB actualmente, e ainda a perspectiva dos investimentos no sector do gás natural, que deverá aumentar as receitas do governo, de 0,1% este ano para 0,9% do PIB em 2028.

Se no caso de Moçambique o gás natural é reconfortante em termos de receitas fiscais, em Angola é o petróleo que dará espaço de manobra, com a Bloomberg Economics a dizer que é o petróleo “a salvar as finanças angolanas”.

“A vulnerabilidade de Angola advém dos seus elevados custos para servir a dívida, que deverão aumentar no seguimento da desvalorização do kwanza em cerca de 40% face ao dólar nos últimos três meses”, reforçam os analistas da Bloomberg.

Apesar disso, ressaltam, “os elevados preços do petróleo dão ao país um grande espaço de manobra, e a economia voltou a crescer em 2021 depois de cinco anos de recessão”.

“O crescimento aumentou para 2,8% em 2022 face aos 1,1% de 2021, o que ajudou a fortalecer os esforços de mobilização de receitas, mudou o rácio do saldo orçamental face ao PIB para um excedente e trouxe a dívida pública face ao PIB para menos de 100%”, concluem.

Default em finanças é o incumprimento das obrigações legais ou condições de um empréstimo.

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