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Banco Mundial diz que Angola está entre os piores na relação entre dívida e riqueza

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Angola é um dos cinco países do mundo onde o custo dos juros da dívida pública representa a maior fatia face ao Rendimento Nacional Bruto (RNB), responsável pela “limitação severa” da capacidade do governo de investir em sectores sociais e na diversificação económica, afirma o Banco Mundial (BM), num relatório divulgado esta quarta-feira, 3.

“Os cinco países que registaram os maiores pagamentos de juros da dívida externa face as receitas das exportações em 2024 foram Moçambique, Senegal, Mongólia, Egipto e Colômbia; os cinco países que registaram os pagamentos de juros mais altos face ao Rendimento Nacional Bruto [valor que mede a soma dos rendimentos de cada pessoa num país, também chamado de PNB] foram Moçambique, Mongólia, Angola, Senegal e o Líbano”, lê-se no relatório do Banco Mundial sobre a evolução da dívida pública a nível mundial.

De acordo com o BM, em 2023, a situação de Angola já era negativa, isto é, o país ocupava a 10.ª posição na lista dos países com o rácio mais elevado de pagamentos de juros sobre as exportações, e era o terceiro pior país a nível mundial na relação entre o montante de juros e o RNB.

No ano seguinte, 2024, o país continuava com o 10.º rácio mais elevado dos juros face às exportações, porém, recuou uma posição e passou a ter o quarto rácio mais elevado dos juros face ao Rendimento Nacional Bruto (RNB).

No ‘Relatório da Dívida Internacional’, divulgado em Washington, Estados Unidos de América (EUA), o BM alerta que “os países em desenvolvimento pagaram 741 mil milhões de dólares norte-americanos a mais em dívida e juros da dívida externa do que receberam em novos financiamentos entre 2022 e 2024”, o que representa “a maior lacuna em pelo menos 50 anos”.

Os peritos do Banco Mundial traçam um cenário cauteloso sobre a evolução das condições do mercado financeiro internacional, que tem levado vários países a emitirem nova dívida este ano, como aconteceu em Angola, apesar dos juros rondarem os 10%, sensivelmente o dobro da média cobrada aos países emergentes antes da pandemia.

“As condições financeiras globais podem estar a melhorar, mas os países em desenvolvimento não se devem iludir: não estão fora de perigo”, afirmou o economista-chefe do Grupo Banco Mundial e vice-presidente sénior de Economia do Desenvolvimento, Indermit Gill, citado no relatório, alertando para a continuidade da acumulação de dívida (…).

“Os decisores políticos do mundo inteiro devem aproveitar ao máximo a margem de manobra que existe, em vez de se apressarem a ir novamente aos mercados externos de divida”, alertou.

A ida ao mercado internacional é, para muitos países, uma opção viável, devido à descida das taxas de juro cobradas pelos investidores e a garantia de que não há surpresas cambiais, apesar de ser também uma solução para garantir a reestruturação da dívida actual.

“Muitos países evitaram o risco de falência através da reestruturação das suas dívidas. No total, os países em desenvolvimento reestruturaram 90 mil milhões de dólares de dívida externa em 2024, o maior volume desde 2010”, lê-se no relatório.

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