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Banco de Fomento Angola prevê mais pressão inflacionária no segundo semestre de 2024

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Os especialistas do Gabinete de Estudos Económicos do Banco de Fomento Angola (BFA) prevêem, para o segundo semestre deste ano, mais pressões inflacionárias em razão do arranque das aulas, dos ajustes das propinas escolares e do aproximar do período de época festiva.

“Considerando os efeitos de sazonalidade, o segundo semestre do ano tende a ser de mais pressão inflacionária. O período de época festiva que normalmente gera um estímulo maior à procura, provoca tendencialmente pressões inflacionárias entre Dezembro e Janeiro, principalmente na categoria dos alimentos”, referem os analistas na mais recente nota informativa enviada à redacção deste portal.

Além disso, acrescentam, o regresso ao período escolar também irá pressionar os preços nos meses de Setembro e Outubro na categoria Educação e Transporte.

Espera-se um ajuste dos preços das propinas escolares na ordem dos 30%, à luz do Decreto Presidencial n.º 181/23, de 1 de Setembro, que autoriza a actualização anual das propinas e emolumentos cobrados pelas Instituições de Ensino com base na inflação homóloga do mês de Maio do ano em curso.

Segundo os especialistas, juntando todos os efeitos — incluindo a oferta de moeda que ainda está a crescer em termos homólogos, bem como o fenómeno da inércia inflacionária —, a inflação mensal deve flutuar ainda alguns meses perto da casa dos 2%, fazendo mesmo a homóloga terminar o ano mais próximo dos 32%.

“De modo geral, o cenário da segunda metade ainda é desafiante e sugere bastante cautela na condução da política monetária”, alertam.

Recorde-se que, na última reunião do Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA), realizada nos dias 18 e 19 de Julho, na cidade do Menongue, decidiu-se manter inalterados os instrumentos de condução da política monetária.

Isto é, a taxa básica de juro permaneceu nos 19,5% e as taxas de Juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez e da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez em 20,5% e 18,5%, respectivamente.

O banco central também manteve o Coeficiente das Reservas Obrigatórias (CROs) em moeda nacional em 21,0%.

A inflação homóloga em Junho fixou-se em 31,0%, um aumento de 0,8 p.p. face ao mês anterior. De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a inflação mensal situou-se em 2,1%, um abrandamento de 0,42 pontos percentuais, o que corresponde à primeira desaceleração mensal consecutiva.

Para o BFA, na persecução dos objectivos de estabilidade de preços e do valor da moeda nacional, deve-se continuar a velar pelo equilíbrio entre a política monetária e a política cambial.

“Havendo pressões inflacionárias que possamos contemplar para os próximos meses, acreditamos que o BNA deverá continuar a prosseguir adoptando uma política monetária restritiva – sobretudo via utilização de Repos [uma forma de empréstimo de curto prazo, principalmente em Títulos do Tesouro] e de Facilidades de Absorção ― sendo que a inflação homóloga permanece teimosamente resistente à descida”, consideram.

“Estamos a observar a situação desafiante no mercado cambial, e para já, antecipamos uma pressão inflacionária de origem cambial, que poderá impedir o BNA de manter uma abordagem optimista, pelo menos até ao início do próximo ano”, concluem.

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