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Angolanos na Ucrânia lançam grito de socorro para saírem da zona de risco de guerra

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Mais de 130 angolanos enviaram uma declaração às autoridades angolanas a pedir ajuda para serem retirados da zona de risco, perto da linha de fronteira entre a Ucrânia e a Rússia. Os cidadãos nacionais dizem-se aflitos e querem o mais rápido possível sair da região, apurou a DW África de fonte local.

“O pessoal do Gana, de Marrocos e da Índia já estão a abandonar a cidade. Mas, nós, os angolanos, ainda estamos à espera de alguma indicação do Estado angolano. Entrámos em contacto com a Embaixada, que diz que o Estado tem de autorizar a nossa evacuação daqui”, contou à DW África o Manuel de Assunção, presidente da Associação dos Estudantes Angolanos em Dnipro, palco de disputa por separatistas pró-russos.

“Estamos perto das cidades já afectadas pelo conflito, Lugansk e Donetsk”, acrescentou o estudante de arquitectura, que diz dormir e acordar com um único desejo: abandonar “o mais rapidamente possível” a cidade onde vive há sete anos, em busca de um lugar mais seguro.

“Ficar aqui como estrangeiro, ainda por cima um africano, é pior ainda. O racismo é evidente mesmo nos dias normais, como será numa situação de guerra? Não seria uma boa opção”, justificou o estudante, que não teme apenas pela eclosão da guerra.

O estudante angolano contou à DW que nunca tinha visto um clima tão tenso nas ruas como agora. O governo ucraniano decretou inclusive aulas online, para que todos os estudantes possam ficar em casa. “A qualquer momento, as coisas podem ir de mal a pior”.

Até esta segunda-feira, 21, Manuel de Assunção disse que ainda não tinham sido contactados pelas autoridades angolanas. Porém, admitiu a possibilidade de partir para a Polónia, caso a resposta demore. Essa foi a “opção que o consulado angolano deu a partir da Polónia: de usar a Polónia como um lugar de refúgio por 15 dias, até que haja uma solução de Luanda.”

Ao que apurou a DW, a Polónia e outros países do Leste europeu já se preparam para uma possível onda de refugiados. Estima-se que até um milhão de pessoas possam fugir da Ucrânia, em caso de guerra. “Mas, não teremos condições de viver lá durante 15 dias”, referiu o estudante angolano.

O Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou, esta segunda-feira, 21, a mobilização do Exército do país para a “manutenção da paz” nos territórios separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, que reconheceu como independentes.

Putin assinou dois decretos que pedem ao Ministério da Defesa que “as Forças Armadas da Rússia [assumam] as funções de manutenção da paz no território” das “repúblicas populares” de Donetsk e Lugansk, segundo a agência France Presse (AFP).

*Com a DW e Agence France-Press

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