Angola regista 230 novos casos de cancro de mama de Janeiro a Setembro. Um terço da taxa anual tem resultado em óbito
Um total de 230 de novos casos de cancro da mama foi diagnosticado no período de Janeiro a Setembro deste ano pelo Instituto Angolano do Controlo do Câncer (IACC), avançou a directora clínica da instituição, Sales Cândido.
Em declarações à imprensa, nesta quarta-feira, 19, em Luanda, por ocasião do ‘Outubro Rosa’ — campanha de sensibilização que tem como principal objectivo alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do cancro de mama e mais recentemente sobre o de colo do útero —, Sales Cândido revelou que, em média, o IACC regista 200 novos casos por ano, entre os quais um terço acaba em mortes por conta de diagnósticos tardios.
Do total de novos casos diagnosticados todos os anos, um por cento são em homens, isto é, o instituto tem um registo de 20 casos de cancro da mama em cidadãos do sexo masculino.
A oncologista explicou que o IACC atende, diariamente, 500 pessoas, em consultas de seguimento, especialidade, exames e rastreio, admitindo que a ausência de um programa de prevenção poderá provocar o contínuo aumento do número de casos.
“Infelizmente, as pessoas não têm a cultura de fazer exames de rastreio e avaliação rotineiros. Esta situação dificulta o tratamento, porque os pacientes chegam às consultas numa fase já avançada da doença e o seguimento que recebem é apenas paliativo, pois o cancro se ramifica tanto e muitos acabam por morrer”, lamentou, acrescentando que têm registos de pacientes com o cancro da mama cujo tratamento foi um sucesso pela ida com antecedência ao hospital.
Por outro lado, falando dos factores de riscos, a especialista em oncologia clínica disse que ainda não se sabe ao certo o que provoca o cancro da mama, mas a patologia ocorre, geralmente, em idades mais avançadas, a partir dos 40 anos.
No entanto, nos últimos meses, referiu, a patologia tem afectado a faixa etária dos 20 e, em alguns casos, um pouco mais cedo.
De forma geral, esclareceu Sales Cândido, o cancro da mama não tem uma causa única, “diversos factores estão relacionados com o aumento do risco de desenvolver a doença. Além da idade, estão a genética, hereditariedade, o início precoce da menstruação e o seu término tardio”.
As gestações acima dos 35 anos, o não amamentar, factores comportamentais, como uso excessivo de bebidas alcoólicas, tabagismo, alimentação pouco saudável, falta de actividade física, exposição ao sol, radiações químicas e o uso de alguns medicamentos, são também factores que influenciam negativamente para o surgimento da doença.
De acordo com a médica, a raça negra, diferente da branca, tem maior predisposição de desenvolver o cancro da mama de forma mais agressiva.
Actualmente, a doença ainda é uma patologia desafiante para o mundo da medicina, pois, mesmo sem grandes factores de risco, muitas pessoas são acometidas pela doença.