Angola entre os países com taxas de vacinação infantil mais baixas. 55% das crianças não tiveram acesso à vacina contra sarampo em 2023
Angola é o único lusófono no grupo de países que vacinou menos crianças (411 mil) contra a difteria, tétano e tosse convulsa (DTP, na sigla inglesa) em 2023, anunciaram, nesta segunda-feira, 15, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a UNICEF.
Segundo aquelas agências especializadas da Organização das Nações Unidas (ONU), que apresentaram, em Genebra, os dados referentes às estimativas de cobertura nacional de vacinação infantil, Angola integra também uma lista de dez países cujas taxas de cobertura estão entre as mais baixas de todas, registando apenas 69%.
No que diz respeito ao sarampo, Angola volta a destacar-se pela negativa, ao ser um dos dez países que, no conjunto, em 2023 representaram 55% das crianças sem vacina contra o sarampo e um dos que regista a taxa mais baixa de cobertura daquela doença (50%).
À escala global, a OMS e a UNICEF alertam que os níveis globais de imunização infantil estagnaram em 2023, e o resultado são 2,7 milhões de crianças não vacinadas comparativamente com os níveis pré-Covid-19, em 2019.
Num comunicado conjunto, as duas agências da ONU alertam para o resultado que é “a falta de protecção que salva vidas”, e destacam que quase três em cada quatro bebés vivem em países onde a baixa cobertura vacinal está a provocar surtos de sarampo.
As últimas estimativas da OMS e da UNICEF sobre a cobertura nacional de imunização (WUENIC, na sigla em inglês) ― que fornecem o maior e mais abrangente conjunto de dados do mundo sobre as tendências de imunização para vacinações contra 14 doenças ― sublinham a necessidade de esforços contínuos de recuperação e fortalecimento do sistema.
“As últimas tendências demonstram que muitos países continuam a não vacinar demasiadas crianças”, afirmou a directora executiva da UNICEF, Catherine Russell, citada no comunicado.
A título de exemplo, a OMS e a UNICEF alertam para o número de crianças que receberam três doses da vacina contra a difteria, tétano e tosse convulsa (DTP, na sigla em inglês) em 2023 ― um marcador-chave para a cobertura global de imunização ― estagnou em 84% (108 milhões).
No entanto, o número de crianças que não receberam uma única dose da vacina aumentou de 13,9 milhões, em 2022, para 14,5 milhões, em 2023.
“Embora tenha havido um progresso modesto em algumas regiões, incluindo a região africana e os países de baixo rendimento, as últimas estimativas sublinham a necessidade de acelerar os esforços para atingir os objectivos da Agenda de Imunização 2030 (IA2030) de 90% de cobertura e não mais de 6,5 milhões de crianças com ‘dose zero’ a nível mundial até 2030”, defendem as duas agências da ONU.