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África do Sul. ONG faz apelo para que se acabe com a cruel criação de leões

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A organização internacional World Animal Protection pediu esta quinta-feira, 10, ao governo sul-africano que honre o seu compromisso de encerrar definitivamente a “cruel” indústria de criação comercial de leões em cativeiro, que alimenta a exportação ilegal de ossos destes felinos.

Num novo relatório, a organização descreveu em pormenor o horror da indústria de criação de leões em cativeiro na África do Sul e as suas ligações a organizações criminosas internacionais.

A organização não-governamental (ONG) teve oportunidade de ver como os leões vivem em recintos imundos, cheios de restos de comida e montes de fezes e como, tanto os leões como os tigres, são abatidos e transformados.

A Word Animal Protection alertou, em comunicado, para o facto de os leões serem “gravemente negligenciados e passarem fome para poupar dinheiro aos proprietários das quintas, o que resulta em casos de canibalismo” entre si, como o de um “leão desesperadamente esfomeado que atacou e comeu outro leão adulto numa instalação”.

Os processos de abate são “desumanos e anti-higiénicos, com as tripas dos leões espalhadas pelo chão e a pele arrancada das patas e dos crânios”, acrescentou a ONG.

“Mesmo como investigadores experientes, estamos profundamente perturbados com as práticas cruéis que estão a ser levadas a cabo. É doentio ver estes majestosos mamíferos reduzidos a meras mercadorias mantidas em condições cruéis”, afirmou Neil D’Cruze, director de investigação sobre a vida selvagem da organização.

A criação comercial em cativeiro é legal na África do Sul, embora seja mal regulamentada, mas a exportação de esqueletos de leão — incluindo garras e dentes — foi declarada inconstitucional pelo sistema judiciário sul-africano em 2019.

Em 2021, o governo sul-africano anunciou a sua intenção de acabar imediatamente com a “domesticação e exploração de leões e, em última análise, encerrar todas as instalações de leões em cativeiro na África do Sul”.

Mas, no final de 2022, o governo recuou no seu compromisso e encarregou um grupo de trabalho ministerial de “desenvolver e implementar uma estratégia de saída voluntária e caminhos para as instalações de leões em cativeiro”.

A World Animal Protection estima que entre oito mil e 12 mil leões e outros grandes felinos, incluindo tigres, são criados e mantidos em cativeiro em mais de 350 instalações em toda a África do Sul.

As suas peles, patas, crânios e esqueletos são vendidos para serem utilizados na medicina tradicional asiática.

LUSA

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