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África do Sul. Governo contabiliza pelo menos 117 mortos devido à violência

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O número de vítimas mortais da violência que assola a África do Sul pelo sétimo dia consecutivo, já fez pelo menos 117 mortos e mais de 2.200 detenções, segundo um novo balanço divulgado hoje pela Presidência da República sul-africana.

A ministra da Presidência, Khumbudzo Ntshavheni, adiantou, em conferência de imprensa, que na região de Gauteng, envolvente a Joanesburgo, a capital económica do país, e a capital Pretória, o número de vítimas mortais ascende a 26.

“A província de Gauteng está amplamente calma, houve menos incidentes durante a noite e até a esta hora [16:30 locais] apenas seis incidentes foram registados”, afirmou.

Khumbudzo Ntshavheni considerou que “em grande parte, deve-se ao reforço da SANDF [Força de Defesa Nacional da África do Sul], dos agentes da SAPS [Polícia da África do Sul] e da polícia metropolitana em áreas que foram identificadas como problemáticas”.

“Na noite passada e durante o dia de hoje, efetuámos mais 139 detenções, em Gauteng, o que perfaz um total de 725 pessoas detidas”, declarou.

A governante explicou que as autoridades sul-africanas contabilizaram 91 mortes na província de Kwazulu-Natal (Leste) onde a violência eclodiu na semana passada, depois da prisão do antigo chefe de Estado, Jacob Zuma, na quarta-feira à noite, por desrespeito a uma ordem do Tribunal Constitucional.

“A situação em KwaZulu-Natal continua volátil, mas melhorou muito e está a caminho da estabilidade. Durante a noite e até há duas horas, 39 incidentes foram relatados e mais 392 novas detenções realizadas, sendo que, o cumulativo do número de detenções é de 1.478 pessoas”, declarou a ministra da Presidência, referindo-se à situação de insegurança prevalecente no litoral do país.

A polícia sul-africana já havia estimado em cerca de 2.400 os detidos na sequência dos distúrbios violentos, saques e ações de intimidação após a prisão de Zuma.

A ministra referiu também que as autoridades sul-africanas estão a investigar 12 pessoas, que o Governo considera serem os alegados “instigadores” da actual onda de violência, saques e intimidação no país, salientando que um dos suspeitos está sob custódia policial, sem avançar detalhes.

“Também constatamos que há relatos de alguns civis armados, exibindo publicamente armas de fogo e armas perigosas em aparente retaliação contra os perpetradores da violência pública”, declarou.

Nesse sentido, a governante sul-africana alertou: “Embora as pessoas tenham o direito de proteger a sua propriedade e a sua vida, desde que isso seja feito de forma que o direito de todos à vida seja protegido conforme previsto na nossa Constituição e, só pode ser infringido em casos limitados de extrema circunstância”.

“Instamos o público a não infringir o direito dos outros e não fazer justiça com as suas próprias mãos”, frisou.

A ministra disse ainda que o governo está “preocupado” com o bloqueio dos corredores de distribuição e abastecimento de bens essenciais desde os portos de Durban e Richards Bay, no KwaZulu-Natal, para vários destinos no país.

“O Exército foi destacado para proteger especificamente os pontos nacionais estratégicos e a polícia está a prestar proteção aos serviços de transporte de oxigénio, medicamentos, e outros bens essenciais que têm que chegar a outras partes do país”, divulgou a ministra.

Sobre o destacamento de mais 25.000 militares anunciado pela ministra da Defesa, Nosiviwe Mapisa-Nqakula, para ajudar a polícia a conter as ações de violência, saques e intimidação, Khumbudzo Ntshavheni apenas declarou: “Esta manhã, 10.000 militares já se encontravam destacados no terreno, representando um aumento de 5.000 militares desde a manhã de quarta-feira”.

“O maior destacamento das Forças Armadas foi durante a primeira fase do nosso primeiro confinamento contra a covid-19 em que a SANDF enviou mais de 70.000 militares para o terreno”, acrescentou.

“Não há revolta ou razão política que possam justificar a violência e a destruição”, afirmou Ramaphosa, enquanto seu antecessor, Zuma, passava a sexta noite atrás das grades.

O ex-Presidente de 79 anos, que governou entre 2009 e 2018, foi condenado por desacato à Justiça no fim de junho pelo Tribunal Constitucional, a mais alta corte do país.

Na segunda-feira, 12, o tribunal realizou uma cerimónia que durou mais de dez horas, na qual os advogados de Zuma pediram que a sentença seja revista. A corte afirmou que irá responder em uma data que ainda não foi determinada.

Texto Agência Lusa

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