Advogados de Isabel dos Santos desconhecem mandado emitido pela Interpol
Os advogados da empresária angolana Isabel dos Santos dizem desconhecer o mandado emitido pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), a pedido da Procuradoria-Geral da República de Angola (PGR), a 3 de Novembro deste ano, por suspeitas de cometimento de vários crimes.
Num esclarecimento, feito logo após a publicação da notícia da Lusa — que dava conta da existência de um mandado de captura internacional, com vista à extradição de Isabel dos Santos —, os advogados da empresária afirmam que não consta da base de dados da Interpol a emissão da referida ordem e que as autoridades angolanas sabem a morada da sua constituinte.
Por outro lado, garantem os advogados de Isabel dos Santos que a empresária angolana “se disponibilizou formalmente para prestar declarações e que nunca foi constituída arguida” pela justiça angolana.
Em relação às acusações ligadas à Sonangol de que está a ser alvo, a equipa de defesa da empresária afirma que as mesmas “não foram confirmadas judicialmente”.
No pedido que fez à Interpol, citado pela Lusa, a PGR angolana alega que, entre 2015 e 2017, Isabel dos Santos criou mecanismos “com intenção de obter ganhos financeiros ilícitos e branquear operações criminosas suspeitas”, através de “informação sobre dinheiros públicos do Estado angolano” que conseguiu na qualidade de administradora da petrolífera estatal Sonangol.
As autoridades judiciais angolanas alegam no documento que Isabel dos Santos está a ser procurada por suspeitas dos “crimes de peculato, fraude qualificada, participação ilegal em negócios, associação criminosa, tráfico de influência e lavagem de dinheiro”; crimes que a levariam a uma pena máxima de 12 anos de prisão.
A PGR angolana afirma que a empresária prejudicou o Estado angolano nos montantes totais de mais de 200 milhões de euros, cometendo crimes de peculato, fraude qualificada, participação ilegal em negócio e branqueamento de capitais.
Entretanto, a Lusa afirmou ter contactado a Interpol e esta, por sua vez, remeteu informações sobre o caso para as autoridades angolanas. Foram igualmente contactadas as autoridades inglesas e portuguesas, que não confirmaram ou negaram a existência do mandado internacional de captura.