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Activistas cívicos exigem investigação criminal à ruptura no Canal do Cafu e esperam responsabilização

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A Plataforma Sul, associação integrada por seis organizações da sociedade civil, pediu solicitou, nesta quarta-feira, 15, em nota pública, a abertura de um processo de investigação criminal para identificar e responsabilizar os directamente envolvidos no projecto e na construção da obra do Canal do Cafu.

O organismo, que exige que seja realizada uma avaliação por uma entidade independente, sugere, no comunicado de imprensa, que “a obra do Canal do Cafu estava condenada a não responder aos objectivos previstos, devido aos inúmeros problemas, derivados, em grande parte, da urgência com que todo o processo decorreu”.

O que, para a organização, poderá justificar a ausência de estudos técnicos de apoio.

“Em relação ao Canal do Cafu, tomando em conta os últimos acontecimentos, entendemos que não é justo atribuir a culpa às chuvas, porque faltou trabalho de base, que não foi feito. É importante que se abra um processo de investigação criminal, para identificar e responsabilizar os envolvidos na construção da obra”, insta a referida plataforma.

Segundo o documento, a falta de auscultação aos moradores do local, acabou por afectar a circulação das águas das chuvas que romperam com as paredes do canal.

“Sempre advertimos o executivo do Presidente João Lourenço que o problema da seca no sul de Angola deve ser encarado como um problema de Estado, em detrimento dos programas políticos que visam atrair votos por cima do sofrimento do povo, que parece não ter fim à vista, e sempre na perspectiva de aprender a conviver com a seca e os efeitos das alterações climáticas, e não, como reflecte o discurso dominante, de combate à seca”, escrevem os activistas.

O Canal do Cafu é um projecto concebido pelo executivo, no âmbito do ‘Programa de Combate aos Efeitos da Seca no Sul do País’, e consiste num sistema de captação e transferência de água do rio Cunene para as várias povoações, através de um canal adutor com 160 km de extensão, ao longo dos quais foram construídas 30 chimpacas (locais para abeberamento do gado), com capacidade para 30 milhões de litros cada.

A infra-estrutura, que custou 136 milhões de dólares norte-americanos aos cofres do Estado, era vista como a mais certa solução para os problemas da seca que se vive na parte sul do país. Entretanto, em menos de um ano, o canal cedeu facilmente às fortes chuvas que caíram no último fim-de-semana.

A qualidade da obra mereceu a crítica de partidos políticos, activistas, empresários e académicos daquela província, a julgar pela sua importância e despesa alocada à sua prossecução.

O engenheiro Jerónimo António, que é membro fundador da Câmara de Comércio e Indústria no Cunene, por exemplo, em declarações à imprensa, diz acreditar que “os problemas no Canal do Cafu se terão agravado por causa da ocultação do que se estava a passar na obra”.

A fiscalização terá falhado, refere o engenheiro, e é preciso impedir que casos do género se repitam no futuro. O Presidente João Lourenço, terá um papel a desempenhar, salienta o especialista.

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