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Acordo militar entre São Tomé e Príncipe e Rússia? “Não há dramas”, afirma responsável da CPLP

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O secretário executivo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) afirmou hoje que não há dramas quanto ao acordo militar entre São Tomé e Príncipe e a Rússia, sublinhando que é preciso respeitar a soberania dos Estados.

Zacarias da Costa falava na capital de São Tomé e Príncipe após um encontro com o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, e depois de uma reunião alargada com membros do Governo na sede do executivo.

“A CPLP não sou eu, a CPLP são os nove países que formam essa comunidade, tendo em conta que nós respeitamos as decisões soberanas de cada Governo, naturalmente temos de respeitar as decisões soberanas das autoridades de São Tomé e Príncipe”, sublinhou Zacarias da Costa.

Questionado sobre a sua visão sobre o acordo, o secretário executivo da CPLP considerou que “não há dramas”.

“Há questões que são transversais a todos os países, a questão do terrorismo, da droga, temos que encontrar soluções para poder lidar com esses desafios que são comuns, portanto eu não vejo nenhum problema”, vincou o secretário executivo da CPLP.

Zacarias da Costa, que iniciou hoje visita oficial de dois dias a São Tomé, defendeu que se deve “olhar mais para o futuro dentro da CPLP do que olhar sempre para o passado e algumas situações que são mal interpretadas por um ou por outro lado”.

São Tomé e Príncipe assinou com a Rússia um acordo técnico militar, “por tempo indeterminado”, que prevê formação, utilização de armas e equipamentos militar e visitas de aviões, navios de guerra e embarcações russas ao arquipélago, disse à Lusa fonte governamental.

Segundo a agência de notícias oficial russa Sputnik, o acordo foi assinado em São Petersburgo em 24 de abril e começou a ser aplicado em 05 de maio.

A também russa TASS tinha noticiado uma reunião, nesse dia, em Moscovo, do responsável do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolay Patrushev, com o ministro da Defesa de São Tomé e Príncipe, Jorge Amado, para discutir “questões de interesse mútuo”.

Segundo a imprensa russa, as duas partes acordaram cooperar nos domínios da formação conjunta de tropas, recrutamento de forças armadas, utilização de armas e equipamento militar, logística, intercâmbio de experiências e informações no quadro da luta contra a ideologia do extremismo e do terrorismo internacional, educação e formação de pessoal.

Além disso, o acordo entre os dois países prevê a participação em exercícios militares.

A Sputnik cita o acordo referindo que a cooperação militar entre os países “contribui para fortalecer a paz e a estabilidade internacional”.

Na quarta-feira, o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), líder da oposição são-tomense, criticou “o secretismo” com que o Governo assinou o acordo militar com a Rússia, vaticinando consequências na relação com a União Europeia e os Estados Unidos.

“Trata-se de um acordo que em momento nenhum ouvimos qualquer comunicado do Conselho de Ministros a fazer alusão. Um acordo desta envergadura, numa área bastante sensível e atendendo ao contexto mundial neste momento, penso que exige interação entre os vários órgãos de soberania, portanto Governo, Presidência da República e conhecimento da Assembleia Nacional para a aprovação e a sua ratificação pelo Presidente da República”, defendeu o líder da oposição são-tomense, Jorge Bom Jesus.

LUSA

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