Autoridades angolanas apontam uma média de nove mortes por dia nas estradas e falam em “cenário de crise grave de segurança nacional”
Pelo menos 3 120 pessoas morrem anualmente em todo o país vítimas de acidentes rodoviários, uma média de nove mortes por dia que, no entender das autoridades, “representa um cenário de crise grave de saúde pública e segurança nacional”.
A situação da sinistralidade rodoviária em Angola esteve, na última sexta-feira, 19, em reflexão durante o encontro promovido pelo ministro do Interior, Manuel Homem, que juntou jornalistas e altas patentes da polícia, para abordar a implementação do Programa de Prevenção Rodoviária (PPRO) denominado ‘Estradas sem Mortes’.
Dados partilhados no encontro relevam que o país regista anualmente cerca de 3 120 mortes causadas por acidentes de viação, uma situação que “evidencia uma tendência persistente e alarmante, cujos efeitos negativos se reflectem directamente no desenvolvimento sócio-económico nacional”.
Para as autoridades angolanas, a gravidade dos acidentes rodoviários indica que o país se encontra “perigosamente próximo de uma endemia de trânsito”.
O programa, com a duração de um ano, subordinado ao lema ‘Mude antes que seja tarde’ e centrado em medidas policiais, tem como metas reduzir até 20% o número de acidentes com vítimas mortais e feridos; aumentar até 70% a fiscalização e penalização das infracções por inobservância ao código da estrada; e intensificar até 84% a fiscalização de acidentes em aéreas urbanas.
Factores humanos, como excesso de velocidade, responsável com 41% dos acidentes por colisão; condução sob influência de álcool, com 9% de incidência; uso irregular do telemóvel, com 7% de infracções; circulação de moto taxistas sem capacete e em sentido contrário; bem como a travessia inadequada de peões estão entre as principais causas.
As autoridades assumem igualmente que o mau estado técnico de veículos, com 12% de infracções; o estado das vias e a ausência e deficiente sinalização vertical e horizontal constituem factores técnicos que propiciam os sinistros rodoviários.
“Os acidentes rodoviários inviabilizam o desenvolvimento social de várias famílias. As actuais taxas (de sinistralidade) preocupa-nos enquanto Ministério do Interior, preocupa-nos enquanto sociedade e esta abordagem que fizemos aqui hoje com a imprensa será retomada com vários outros actores da nossa sociedade”, afirmou o ministro Manuel Homem.
O governante assegurou que o PPRO vai ser alargado às escolas, “no reforço à educação e cidadania para a prevenção da sinistralidade rodoviária”, e a outros núcleos da sociedade “que identificamos como importantes para podermos ultrapassar a realidade actual que não é nada agradável”, considerou.
Questionado sobre a degradação de algumas estradas e a fraca iluminação pública nas vias, o governante frisou que o Programa de Prevenção Rodoviária ‘Estradas Sem Mortes’ é transversal e deve contar com a participação de outros departamentos ministeriais.
O ministro indicou que 70% dos acidentes têm origem na negligência humana, mas admitiu “outros constrangimentos” relacionados com as condições das estradas.
“O que estamos a fazer é mapearmos os pontos críticos dos acidentes nas estradas. Vamos trabalhar com os actores, com os governos provinciais, com as administrações municipais, no sentido de, onde for possível, darmos o tratamento necessário”, assegurou o ministro.