Governo larga 71,4 milhões de euros para contratar mais de mil médicos especialistas cubanos. Sindicato elogia decisão mas defende avaliação dos profissionais à chegada ao país
O Presidente da República, João Lourenço, autorizou uma despesa de 71,4 milhões de euros para a contratação de 1 012 médicos especialistas cubanos da Corporação Antex e Antex Angola, S.A.
Segundo um despacho presidencial, a contratação será feita através do procedimento de contratação simplificada (ajuste directo), visando assegurar “assistência médica às populações a nível das unidades sanitárias públicas em todo o território nacional”.
Outro dos objectivos, segundo o diploma, é garantir a formação especializada dos médicos angolanos “em virtude da urgência no asseguramento da continuidade dos serviços hospitalares”.
O presidente do Sindicato dos Médicos de Angola (SINMEA), Adriano Manuel, em declarações ao semanário Novo Jornal, saudou a decisão do executivo, mas defendeu que a escolha deve recair, principalmente, sobre os especialistas.
Adriano Manuel defendeu que a contratação de médicos é bem-vinda, porém, ressalta que “o país precisa de médicos especialistas”, tendo apelado ao lançamento de um concurso público “urgentemente” para o recrutamento de novos médicos para a função pública.
Na opinião do sindicalista, muitos médicos estrangeiros contratados pelo executivo não são bons especialistas, por isso defende que quando cá chegam sejam avaliados.
“Nós, os médicos especialistas angolanos, quando vamos para fora do país, somos avaliados, eles também dever ser avaliados, porque já temos constatado muitos constrangimentos”, referiu.
A Antex é o grupo que representa o governo cubano em Angola e responsável por contratar os profissionais cubanos que vão trabalhar no estrangeiro.
Angola, que tem 2,48 médicos por cada 10 000 habitantes, tem recorrido à contratação de médicos estrangeiros para colmatar a escassez de profissionais do sector da saúde, destacando-se os cubanos.
Angola também conta com médicos de outras nacionalidades, através de acordos de cooperação com países como a China, Portugal e Brasil, que colaboram em programas de formação e apoio técnico.