Isto É Notícia

Brasil. Lula da Silva acusa Bolsonaro de incentivar “activistas fascistas”

Partilhar conteúdo

O Presidente eleito do Brasil, Lula da Silva, acusou esta terça-feira, 13, o ainda chefe de Estado, Jair Bolsonaro, de incentivar “os activistas fascistas que estão na rua”, um dia depois de manifestantes radicais terem causado o caos em Brasília.

“Esse cidadão até agora não reconheceu a sua derrota, continua incentivando os activistas fascistas que estão na rua se movimentando”, acusou Luiz Inácio Lula da Silva durante o evento que marcou o fim dos trabalhos da equipa de transição, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília.

O Presidente eleito brasileiro criticou ainda o facto de Jair Bolsonaro ter aberto as portas, na segunda-feira, do jardim do Palácio da Alvorada, residência oficial do chede de Estado, aos manifestantes bolsonaristas que apelam a uma intervenção militar e que se recusam a reconhecer a derrota eleitoral.

“Não sei qual foi o estrago que foi feito. Ele tem que saber que aquilo é um património público, não é dele, não é da mulher dele, não é do partido dele. Aquilo é do povo brasileiro que a gente tem que tratar com um carinho excepcional”, afirmou.

Lula da Silva, que tomará posse a 1 de Janeiro de 2023, disse ainda que muitos destes manifestantes “fazem parte de uma organização de extrema-direita que não existe só no Brasil”.

Apoiantes do ainda Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, tentaram invadir na segunda-feira à noite a sede da Polícia Federal, em Brasília e destruíram e queimaram vários veículos, perto do hotel onde Lula da Silva está hospedado, na sequência da detenção de um manifestante.

A polícia disparou balas de borracha e lançou gás lacrimogéneo contra os manifestantes que recusam reconhecer a vitória de Lula da Silva nas eleições presidenciais e bloquearam algumas das principais vias de Brasília. Devido aos bloqueios várias pessoas ficaram retidas dentro de um dos maiores centros comerciais da capital brasileira, noticiou a imprensa local.

Os distúrbios surgiram na sequência da detenção de um indígena identificado como José Acácio Tserere Xavante, por decisão do Supremo Tribunal Federal, por ter participado em manifestações anti-democráticas.

Desde a segunda volta das presidenciais, a 30 de Outubro, milhares de apoiantes de Bolsonaro saíram à rua para protestar contra o resultado das eleições e exigir “a intervenção” dos militares para impedir a tomada de posse de Lula da Silva.

À frente do quartel-general do exército, em Brasília, está concentrada a maior manifestação de bolsonaristas, que criaram uma autêntica ‘cidade paralela’, a partir da qual exigem uma intervenção militar para revogar o resultado eleitoral.

Montado há mais de um mês, na noite da vitória de Lula da Silva nas presidenciais, o acampamento, com tendas a perder de vista, tem evoluído e transformou-se numa pequena cidade, cuja missão é impedir a tomada de posse de Lula da Silva a 1 de Janeiro.

No meio do acampamento existe a ‘rua da restauração’, onde se encontra um pouco de tudo, desde açaí, pastéis, queijo da canastra e churrasco, entre outras iguarias da culinária brasileira.

Mas não só: dezenas de casas de banho encontram-se espalhadas pelo acampamento, que ainda tem ‘lojas’ para os mais variados gostos, de forma a que nada falte aos auto-denominados patriotas. Cabeleireiros, lojas de roupa onde se vendem camisolas da selecção canarinha, mas também camuflados, lojas de brinquedos, ‘igrejas’ católicas e evangélicas e até uma cantina para os mais carenciados.

Patrulhas, muitas das quais em camuflados, andam pelas ruas da ‘cidade’ para controlarem e garantirem a ordem.

Na segunda-feira, milhares de apoiantes de Bolsonaro concentraram-se, no jardim do Palácio da Alvorada, residência oficial do chefe de Estado do Brasil, naquele que consideraram ser “o dia D” para impedir que Lula da Silva tome posse.

A poucos quilómetros de distância decorria a cerimónia no TSE, durante a qual Lula da Silva e o Vice-Presidente eleito, Geraldo Alckmin, receberam os diplomas que confirmam a vitória nas eleições presidenciais de Outubro e os tornam aptos para assumirem os respetivos mandatos a 1 de Janeiro de 2023.

Jair Bolsonaro encontrou-se com os manifestantes junto ao Palácio da Alvorada, acompanhado por um padre que pregou aos apoiantes.

LUSA

Artigos Relacionados