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UNITA prevê que a partir de Dezembro próximo Angola vai viver um período em que o chefe de Estado e do governo não será o presidente do MPLA em exercício

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O Grupo Parlamentar da UNITA (GPU) desvalorizou o anúncio do Secretariado do Bureau Político do Comité Central do MPLA, que recomendou os seus deputados à Assembleia Nacional a levarem a efeito uma proposta de lei para a nova divisão político-administrativa de Luanda. Os deputados do maior partido na oposição apontam a disputa pela liderança do MPLA como estando a motivar estas agendas.

“Pela segunda vez, desde a Independência, um presidente do MPLA será substituído a meio do mandato. Será por vontade própria? Ou foi forçado pelos seus pares? Pela segunda vez, a partir de Dezembro próximo, Angola viverá um período em que o chefe de Estado e do governo não será o presidente do MPLA [em exercício]”, referiu Liberty Chiyaka, durante a conferência de imprensa, realizada nesta quinta-feira, 27.

A segunda maior bancada parlamentar da Assembleia Nacional, que considera tratar-se de o tema da nova geografia de Luanda “um não assunto”, atribui a iniciativa do MPLA a uma alegada “existência de uma crise de liderança no seio do MPLA, com potencial para afectar a estabilidade política e social do país”, agora que já se sabe que em Dezembro próximo vai haver um congresso extraordinário.

Uma mudança na liderança do partido no poder haveria de trazer ao país um novo xadrez político, semelhante àquele que se viu em 2017, quando João Lourenço chegou, pela primeira vez, ao poder e partilhava com José Eduardo dos Santos o protagonismo da acção política do país, quando este último liderava ainda o MPLA.

​“Como será a coabitação? Que agenda vai o Presidente da República executar? Vai adjudicar alguns contratos aos outros membros do regime ou vai continuar a beneficiar apenas os seus apoiantes e bajuladores?”, questionou o líder do GPU, insistindo:

“Vai abrir a comunicação social pública ao pluralismo e à democracia ou vai continuar a colocar os órgãos públicos de comunicação social ao serviço do partido do regime? Vai tratar os partidos políticos todos como iguais ou vai continuar a privilegiar o seu partido? Quem vai dirigir o Grupo Parlamentar do MPLA: o presidente do Partido ou o Presidente da República?”.

Mais do que discutir a questão da divisão político-administrativa de Luanda, a UNITA considera mais relevante abordar “as questões importantes do Estado da Nação que os angolanos devem discutir no espaço público, incluindo, naturalmente, as redes sociais”.

“Há muitas perguntas no ar, muitas incertezas, muita expectativa. Haverá certamente um novo momento político no país, que, se for bem aproveitado, Angola poderá dar um salto para frente, rumo à mudança positiva”, assinalou, explicando o contexto da abordagem da divisão de Luanda, avançado pelo MPLA:

“É neste quadro de incertezas, ansiedade e temores que surge o anúncio da nova divisão político-administrativa da província de Luanda. Está claro que é só para distrair as pessoas da questão essencial, que é a crise de liderança, a crise de governação, a crise económica e social que assola o País”.

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