Tunísia. Líder da oposição proibido de viajar denuncia “repressão”
O líder de um partido da oposição tunisina denunciou esta quarta-feira, 16, ter sido proibido de viajar sem ter recebido qualquer notificação nesse sentido, considerando a medida como ilegal e uma “violação às liberdades fundamentais”.
“Hoje de manhã, no aeroporto de Tunes-Cartago, fui proibido de sair do território tunisino sem ter sido oficialmente notificado, tal como deve acontecer com qualquer decisão judicial”, escreveu na rede social Twitter Fadhel Abdelkefi, líder do partido Afek Tounes (oposição), economista e antigo ministro.
“Constitui uma violação às liberdades fundamentais e constitucionais. É uma medida ilegal e é mais uma prova do estrangulamento político e da deriva acelerada do regime do Presidente Kais Saied em direcção a uma ditadura”, acusou, em comunicado, o partido Afek Tounes.
O partido de Abdelkefi apontou também o “procedimento repressivo” que se enquadra na “instrumentalização do aparelho do Estado” com o objectivo de “reprimir a oposição e as personalidades políticas” opositoras.
Numa declaração a uma rádio privada local, o porta-voz do Ministério do Interior tunisino, Faker Bouzghaya, indicou que a proibição de viajar “tem um cariz judiciário e não administrativo”, sem avançar pormenores sobre as exactas motivações que levaram à tomada da decisão.
Várias organizações não-governamentais e partidos políticos acusam Kais Saied, que, unilateralmente, assumiu os destinos do país a 25 de Julho de 2021, de reprimir as liberdades na Tunísia e que querer impor um regime autoritário, pondo em causa a jovem democracia do país onde começaram as revoltas associadas à Primavera Árabe, em 2011.