“Três grandes incertezas e problemas de comunicação” levam auditor Ernst & Young a aprovar com reservas as demonstrações financeiras da SODIAM
O auditor responsável pelas contas da Empresa Nacional de Comercialização de Diamantes de Angola (SODIAM), Ernst & Young (EY), aprovou com reservas o relatório e contas do último exercício económico da diamantífera angolana, apontando “três grandes incertezas e problemas de comunicação” como estando na base da sua decisão.
Os dados do relatório e contas da SODIAM, relativos ao ano de 2024, publicado pelo Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), identificam como um dos pontos três críticos a ausência de evidências sobre a possibilidade de recuperação do montante aplicado na empresa Victoria Holding Limited.
Dúvidas também surgiram em relação à rubrica ‘Resultados financeiros’, respeitante aos ganhos cambiais líquidos de 12,5 mil milhões kz e o motivo está no facto de a informação disponibilizada não ser “suficiente para concluir acerca da adequação da sua quantificação e apresentação, nem em que medida os efeitos reconhecidos no exercício de 2024 poderiam afectar o saldo de abertura de ‘Resultados transitados’ e a comparabilidade entre exercícios”.
Outra reserva apresentada pelo auditor foi registada na rubrica ‘Contas a Pagar – Estado’, que incluía saldos líquidos no montante de 12,67 mil milhões kz. O auditor verificou que esses valores eram inferiores aos pagamentos efectuados após a data do balanço (2,01 mil milhões kz), sem que tivessem sido fornecidas as devidas conciliações ou justificações.
Em suma, o auditor não conseguiu comprovar a exactidão de mais de 246 mil milhões de kwanzas em activos (devido a empréstimos não recuperáveis e sobrevalorização de imobilizações); identificou passivos (dívidas) que podem estar subestimados, assim como encontrou falhas de controlo que comprometem a credibilidade dos lucros do ano.
Face à ausência de elementos que permitissem determinar uma eventual provisão para outros riscos e encargos, bem como pela falta de esclarecimentos relativos às divergências nas contas a pagar ao Estado, o auditor concluiu não estar em condições de validar plenamente o impacto destas matérias nas demonstrações financeiras da SODIAM.