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TCUL fala em “acção deliberada” no incêndio que destruiu oito autocarros mas responsável da segurança assume autoria do fogo que tinha como finalidade queimar o capim

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Um incêndio de grandes proporções registado na quarta-feira, 23, na base operacional da empresa de Transportes Colectivos Urbanos de Luanda (TCUL), localizado no Zango III, província de Icolo e Bengo, destruiu oito autocarros que estavam parqueados. A transportadora fala num acto deliberado, porém, o segurança do espaço confessou ao Serviço de Investigação Criminal (SIC) ter sido o autor do fogo que tinha como objectivo queimar o capim.

As informações sobre o incêndio começaram a fazer circular no princípio da tarde desta quarta-feira, por força das imagens e vídeos que foram rapidamente disseminadas nas redes sociais, acompanhadas de suposições segundo as quais se tratava de autocarros novos que estavam “prontos a ser desviados”.

Através de um comunicado, o Gabinete de Assessoria de Comunicação da TCUL veio prontamente esclarecer o sucedido e confirmou a destruição dos oito autocarros, mas desvalorizando a perda dos meios, que, segundo a transportadora, “pertenciam a uma frota antiga, já fora de circulação”.

“O fogo consumiu por completo oito autocarros, todos pertencentes a uma frota antiga, fora de circulação.  O incidente não afecta, por isso, a operação regular da TCUL, que vai continuar a garantir o transporte diário dos milhares de passageiros que serve”, refere o comunicado, sublinhado “estando em aberto a hipótese de se tratar de um acto deliberado, cujas motivações serão devidamente apuradas”.

Entretanto, as declarações da TCUL de que terá sido um acto deliberado — no sentido de que alguém teria encontrado nas instalações para destruir os meios — foram desvalorizadas esta quinta-feira, 24, pelo chefe de segurança do espaço, que reconheceu ter sido ele mesmo o autor do acidente.

Num vídeo, no qual surge ladeado por jornalistas e membros do SIC, o chefe da segurança afirma que o objectivo era queimar capim que se fazia em grande quantidade no local, porém, de repente, o fogo alastrou-se e acabou por atingir os autocarros.

“Tudo aconteceu às 13h00. Estava a fazer uma rotina e vi que o capim estava muito alto, decidi queimá-lo, mas o fogo propagou-se de forma rápida até aos autocarros. Tentámos conter, mas não conseguimos”, confirmou.

Quando questionado sobre a quantidade e a estadia dos autocarros, o segurança disse que “estão na base há sensivelmente sete meses, e que no total eram 104”, mas “há dois meses apareceram alguns mecânicos que tiraram da frota 50 e levaram 28, deixando noutra ala do espaço 22, dos quais oito acabaram destruídos pelas chamas”.

Conforme as imagens do incêndio, os autocarros estavam pintados integralmente de branco, que é a cor original com que a TCUL os recebe antes de aplicar a identidade visual da empresa.

No entanto, declarações de alguns trabalhadores da TCUL ao Novo Jornal, que preferiram o anonimato, contradizem as informações avançadas pela TCUL. Segundo os funcionários, é comum que pessoas ligadas à hierarquia da empresa “esqueçam autocarros para o abate”, e que, por isso, solicitam às autoridades competentes que abram um processo de investigação.

 Os trabalhadores dizem não acreditar na versão da direcção de que os autocarros pertenciam à frota antiga e fora de circulação, pois há ainda na TCUL autocarros da mesma frota a circularem.

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