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Refinaria do Planalto – REPLAN. Paulínia (SP). 20.06.2011. Foto: Marcos Peron/virtualphoto.net

Sonangol busca perto de 5 mil milhões USD junto de bancos internacionais para cobrir défice de financiamento da Refinaria do Lobito

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A petrolífera estatal angolana Sonangol está em conversações com bancos chineses e europeus para ultrapassar um défice de financiamento de 4,8 mil milhões de dólares norte-americanos para prosseguir com os trabalhos de construção da conceituada Refinaria do Lobito — infra-estrutura que se espera sustentar uma capacidade de processamento de 200 mil barris diários.

A informação foi avançada nesta quarta-feira, 9, pelo presidente da Comissão Executiva da Unidade de Negócio e Refinação da Sonangol, Joaquim Kiteculo.

Citado pela agência de notícias britânica Reuters, o responsável referiu que o custo total do projecto rondava os 6,6 mil milhões de dólares norte-americanos, sendo que só a refinaria de um único módulo de produção com um hidrocraqueador ― equipamento que refina petróleo pesado em produtos mais leves ― custava 5,3 mil milhões de dólares.

“Não estamos apenas a negociar com bancos chineses, estamos também à procura de outras alternativas”, afirmou Joaquim Kiteculo, à margem de uma conferência sobre energia na Cidade do Cabo, na África do Sul, acrescentando que “o seu board está confiante de que o financiamento será obtido e a refinaria irá avançar”.

Joaquim Kiteculo assegurou que a construção vai dar início no próximo ano e que, por conta disso, a Sonangol está em discussões com bancos, incluindo o Banco Industrial e Comercial da China, o Société Générale (França), o Standard Chartered (Reino Unido) e o Afreximbank (Instituição financeira multilateral, com sede no Cairo, Egipto).

De acordo com o responsável, a Sonangol e outros investidores cujos nomes não revelou, está a investir cerca de 950 milhões de dólares norte-americanos do seu próprio capital nesta primeira fase de construção da refinaria, principalmente em infra-estruturas como estradas e escritórios.

Em 2023, o governo celebrou junto da gigante chinesa China National Chemical Engineering, um contrato de seis mil milhões de dólares norte-americanos para as obras de construção da refinaria. A norte-americana KBR, com sede em Houston, no estado de Texas, ficou com o contrato de consultoria do projecto, depois de ter preparado o trabalho de engenharia e concepção inicial.

“Apesar de ainda estarmos a lidar com questões de financiamento, esperamos ter a conclusão mecânica de toda a refinaria no primeiro semestre de 2027… E depois ter o primeiro lote de produtos e iniciar a fase de comercialização”, indicou o PCA.

Kiteculo considerou como falsas as notícias que davam conta de que o nigeriano Aliko Dangote — responsável pela construção da maior refinaria do continente na Nigéria, que visitou recentemente Angola — estaria interessado em fazer uma parceria no projecto do Lobito.

Entretanto, salientou que uma actualização da Refinaria de Luanda, que está a ser levada a cabo em parceria com a italiana Eni, deverá aumentar a sua produção de 65 mil barris por dia para 120 mil até 2028. A parceria prevê também a construção de uma biorefinaria separada, destinada a combustíveis de aviação sustentáveis.

“Estamos certos de que nos vamos tornar um dos maiores exportadores para África, incluindo a África do Sul, que é um grande mercado consumidor”, concluiu.

Angola é o segundo maior exportador de petróleo bruto da África Subsaariana, mas importa cerca de 80% dos seus produtos refinados. O país lançou um programa para construir novas refinarias e renovar as instalações existentes para inverter a tendência e tornar-se um exportador líquido.

O desenvolvimento das instalações na cidade portuária atlântica do Lobito foi reiniciado em Dezembro de 2023, depois de ter estado parado durante quase uma década. Quando estiver concluída, vai ser a maior refinaria do país.

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