Rui Galhardo contraria PGR e diz existir, sim, uma queixa-crime contra ACJ no SIC
O autor da queixa-crime contra o presidente destituído da UNITA, Rui Manuel Galhardo da Silva, insistiu, nesta terça-feira, 19, em entrevista exclusiva ao !STO É NOTÍCIA, em afirmar que Adalberto da Costa Júnior irá mesmo responder por tentativa de homicídio, não por conta de uma acção da Procuradoria-Geral da República (PGR), mas por uma outra intentada por ele junto da Direcção Nacional de Investigação Penal (DNIAP), que a encaminhou para o Serviço de Investigação Criminal (SIC) para averiguação.
“Um processo da PGR contra Adalberto Costa Júnior não existe. Existe, sim, um processo do Rui Manuel Galhardo da Silva contra ele, que foi levado para a investigação. Primeiro passou pela DNIAP, porque há a questão das imunidades. Mas ele para responder no SIC não precisa de ver as imunidades levantadas. Neste caso também não se pode negar, porque senão o SIC contacta a presidência do Parlamento e o Parlamento dá-lhe ordem para ir”, insistiu o empresário, quando confrontado com o facto de estar a haver, desde domingo último, desencontros de informação a respeito do processo.
A PGR garantiu esta semana ao Novo Jornal que arquivou a queixa-crime contra Adalberto Costa Júnior, pelo facto de esta “não ter pernas para andar”, deitando assim por terra a notícia avançada pelo jornal Público, segundo a qual a Procuradoria-Geral da República deveria anunciar o início das investigações contra Adalberto Costa Júnior nesta semana.
Rui Galhardo insiste, entretanto, no sentido no contrário, alimentando inclusive a viva convicção de que “provavelmente ainda esta semana Adalberto Costa Júnior seja chamado para ser ouvido e depois disso vir a ser constituído arguido”, por este não ter outra “hipótese”.
“Não tem hipótese, porque ele deu uma entrevista… e, para já, vai ter outro processo porque mentiu. Ele não entregou nenhuma arma à Polícia [Nacional], até porque a polícia não recebeu arma nenhuma, porque não existiam”, disse o queixoso, explicando aquilo a que chamou de “confusão de conceitos”, em relação àquilo que diz a PGR e àquilo que estará a acontecer em função da acção por ele intentada.
“É uma questão de conceitos, no fim de contas. A PGR não tem nenhum processo contra Adalberto Costa Júnior, mas está lá o meu processo contra ele, que é diferente. Porque a PGR pode fazer um processo contra alguém, desde que haja investigações suficientes para isso. Portanto, o processo está no SIC, depois de ter passado pela DNIAP”, assegurou.
Questionado sobre a sua firme convicção de Adalberto Costa Júnior vir a ser ouvido ainda esta semana, Rui Galhardo acredita que tal venha de facto a acontecer.
“Por aquilo que vi, julgo sim, porque a Polícia do Uíge já foi ouvida. Eu já fui ouvido e agora vão passar para os acusados. Depois de ele ser ouvido e se fizer uma comparação é que há uma decisão de arguido ou não, mas eu sei que ele vai ser constituído arguido, porque ele não tem qualquer hipótese de escapar”, afirmou, convencido.
Sobre um alegado segundo processo contra Adalberto Costa Júnior no qual seria ofendida a Polícia Nacional, Rui Galhardo explicou que este deverá ser consequência da afirmação do líder destituído da UNITA, que teria avançado a recuperação de armamento na sua posse, no momento em que foi rodeado por militantes furiosos da UNITA, nas cerimónias de comemoração dos 55 anos do partido, em Março deste ano.
“A gente não deve andar a mentir toda a vida. Não se pode dizer que se viu uma coisa quando não se viu. Ou não se pode dizer que fizemos uma coisa quando não o fizemos. Se ele diz que encontraram 12 armas e entregaram à polícia, esta é uma situação grave, não é?! Isto já é um outro problema. A polícia é a ofendida…”, assinalou Rui Galhardo, voltando a atirar-se contra Adalberto Costa Júnior:
“É aquilo de meter as mãos pelos pés. É habitual nele. Eu já o conheço há muitos anos. Aliás, ele para mim é extremamente previsível”.