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Queda da inflação leva BNA a aliviar as três principais taxas do sistema bancário nacional

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O Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA) decidiu, na sexta-feira, 20, reduzir as três principais taxas do sistema financeiro angolano, justificando o alívio com a redução da taxa de inflação em 2022, que se situou em 13%.

Trata-se da Taxa Básica de Juro (taxa BNA), que passou de 19,5% para 18%;       da Taxa de Juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez, que teve uma redução de 21 para 18%; e da Taxa de Juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez, que reduziu de 15 para 14%;

“Esta decisão fundamenta-se na redução da inflação observada ao longo de 2022 e das pressões inflacionistas, bem como no alinhamento das condições monetárias com o objectivo da inflação de médio e longo prazos”, justificou o governador do BNA, em declarações à imprensa, após a 109.º sessão do Comité de Política Monetária, decorrida nas instalações do banco central, em Luanda.

Segundo José Massano, para a tomada de decisão, o CPM (do qual é presidente) analisou o contexto económico, monetário e financeiro internacional e nacional.

“Após um crescimento de 2,9% em 2022, de acordo com os dados do Banco Mundial, publicados no seu relatório Global Economic Prospect, em Janeiro de 2023, espera-se uma desaceleração da economia mundial em 2023 para 1,7%. Esta perspectiva de desaceleração justifica-se pela implementação de uma política monetária restritiva, a deterioração das condições financeiras, o conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia, bem como pela crise energética na Europa ocidental”, disse o responsável.

Em relação às economias avançadas, o governador adiantou que se perspectiva um crescimento de 0,5% em 2023, inferior aos 2,5% registados em 2022, influenciado pela esperada estagnação da Zona Euro.

Quanto às economias emergentes e em desenvolvimento, espera-se um crescimento de 3,4% em 2023, igual ao observado em 2022, com a África Subsariana a ser a região com o melhor desempenho, com uma taxa de crescimento de 3,6%.

Relativamente à inflação mundial, segundo dados do Banco Mundial, estimava-se uma redução em 2023 como resultado da política monetária restritiva, da desaceleração da actividade económica, normalização das cadeias de abastecimento e dos preços das commodities não energéticas.

Uma previsão que contrasta com o actual cenário das principais economias europeias, que enfrentam actualmente um crescimento elevado da taxa de inflação, impactada sobretudo pelo aumento do preço do combustível e seus derivados, fruto da intensificação dos conflitos entre a Rússia e a Ucrânia.

No plano nacional, afirmou José Massano, “os fundamentos macro-económicos continuam favoráveis.

No ano de 2022, o sector externo teve um desempenho positivo, com a conta de bens a registar um saldo superavitário de 30,92 mil milhões de dólares norte-americanos, um aumento de 41,92% comparativamente a 2021, reflexo do crescimento das exportações em 43,49%, apesar do crescimento das importações em 46,40% no mesmo período”.

As Reservas Internacionais de Angola situaram-se, até final de 2022, em 14,48 mil milhões de dólares, o que corresponde a uma cobertura de cerca de seis meses de importações de bens e serviços.

No que diz respeito ao sector real da economia, o ‘patrono’ do BNA disse terem estimado que o Produto Interno Bruto (BIP) em 2022 tenha crescido em torno de 3,17%, suportado essencialmente pela dinâmica do sector não petrolífero, com destaque para os serviços mercantis, sector diamantífero, agricultura e sector de construção.

“Em 2022, observou-se uma forte desaceleração do nível geral dos preços, com a taxa de inflação no final do ano a alcançar os valores mais baixos dos últimos cinco anos, tendo-se fixado em 13,86%, contra os 27,03% no final de 2021”, referiu o governante, com base nos dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Para José Massano, o comportamento da inflação deveu-se ao curso da política monetária (instituída pelo banco central), à apreciação da moeda nacional em relação às moedas usadas nas trocas comerciais, bem como ao aumento e regularidade da oferta de bens de amplo consumo, com destaque para os bens alimentares.

Já no tocante ao domínio monetário, o governador considerou que a trajectória da Base Monetária em moeda nacional se mostrou consistente com o objectivo de médio e longo prazos da política monetária, tendo-se observado uma contracção anual de 0,65%.

Para 2023, o BNA perspectiva um crescimento da economia nacional em torno de 3,3%, com uma taxa de inflação que deverá rondar, até ao final do ano, entre os 9% e os 11%, “como resultado do comportamento favorável das variáveis acima referidas”, reforçou José Massano.

A próxima reunião do Comité de Política Monetária realiza-se no dia 21 de Março, em Luanda.

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