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Parlamento decide nesta terça-feira envio de militares angolanos a Cabo Delgado

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Os deputados à Assembleia Nacional discutem e votam, nesta terça-feira, 27, a solicitação do Presidente João Lourenço de enviar militares angolanos a Moçambique, onde devem juntar-se à missão de manutenção de paz liderada pela SADC, que vai ajudar o Estado moçambicano a combater o terrorismo na província de Cabo Delgado.

A carta do Presidente da República chegou esta segunda-feira à ‘casa das leis’ com carácter de urgência, numa altura em que os líderes parlamentares se encontravam reunidos, o que levou a que estes agendassem uma sessão extraordinária que deverá debater o assunto.

Segundo a Rádio Nacional de Angola, o Estado vai enviar um grupo das Forças Armadas Angolana (FAA) composto por 20 elementos. Estes efectivos vão apenas prestar consultoria à missão de manutenção da paz em Cabo Delgado.

Os presidentes dos grupos parlamentares apoiam a iniciativa de João Lourenço, mas temem por represálias do grupo terrorista. O líder da FNLA, Lucas Ngonda, questiona como está preparada Angola, caso haja represálias.

“Pensamos que as guerras começam sempre assim. Estamos solidários com o povo de Moçambique e isto é muito normal. Estamos inscritos no mesmo quadro regional. A questão que se levanta é que se a situação evoluir para o pior, qual será a situação do nosso país?”, questionou o único deputado da FNLA no Parlamento.

O presidente do Partido de Renovação Social (PRS), Benedito Daniel, é de opinião que o terrorismo pode expandir-se na região da SADC, se a situação em Cabo Delgado não for travada.

“Sabemos perfeitamente que o Estado Islâmico expande-se com uma rapidez incalculável. Se esta situação for considerada apenas problema de Moçambique, rapidamente se tornará numa situação da região da SADC”, observou.

“Não se trata de um contingente militar para fazer frente de combate. É apenas um grupo restrito, cerca de 20, que vai na condição de assessores. Vão apenas apoiar as forças do país irmão moçambicano”, defendeu o líder parlamentar da CASA-CE, Alexandre Sebastião André.

O presidente do grupo parlamentar da UNITA, Liberty Chiyaka defendeu maior vigilância dos órgãos dos serviços secretos para que o país não seja surpreendido com acções terroristas.

“É importante apurarmos as causas profundas do conflito em Moçambique para não nos envolvermos numa situação que possa, no futuro, criar problemas ao nosso país”, recomendou o deputado Chiyaka.

O deputado do MPLA, Manuel da Cruz Neto, afirmou, por seu turno, que os serviços de inteligência do país estão preparados para travar uma ameaça terrorista. O vice-presidente do grupo parlamentar do partido no poder afirmou que a secreta angolana está preparada quer para avaliar, quer para propor medidas necessárias para que isso não venha acontecer.

“Já está a acontecer num dos países da SADC, e temos que estar preparados para isto. Foi o que concordámos, é preciso estarmos atentos e que os nossos serviços de inteligência estejam capacitados para preverem estas situações e tomarem medidas que se ajuste no momento”, frisou.

A província nortenha de Cabo Delgado, em Moçambique, é palco de ataques terroristas desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico.

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