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PAM coloca Angola entre os países com uma das mais elevadas taxas de desnutrição crónica infantil do mundo. Quatro em cada dez crianças com menos de cinco anos são vítimas do fenómeno

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Angola apresenta uma das mais elevadas taxas de desnutrição crónica infantil a nível mundial, com uma média de quatro em cada dez crianças com menos de cinco anos a viverem o fenómeno. Os dados são do Programa Alimentar Mundial (PAM), a maior agência humanitária do mundo, da Organização das Nações Unidas (ONU).

“Os indicadores de nutrição de Angola continuam a ser preocupantes, com a desnutrição crónica (atraso de crescimento) a afectar 40% das crianças com menos de cinco anos de idade ― uma das taxas mais elevadas a nível mundial”, aponta a agência da ONU que actua no combate à fome e à insegurança alimentar.

A desnutrição resulta de múltiplos factores, incluindo o acesso limitado a alimentos nutritivos, da falta de saúde materna e infantil, de serviços de saúde inadequados, da instabilidade económica e das normas patriarcais enraizadas.

Segundo o relatório do PAN, Angola está entre os países com mais desigualdade em todo o mundo, com 31% da população (11,6 milhões de pessoas) a viver abaixo da linha de pobreza, com menos de 2,15 USD por dia.

“O baixo nível de escolaridade e os maus resultados em matéria de saúde colocam o país em 150.º lugar entre 193 no Índice de Capital Humano”, diz o PAM, acrescentando que a pobreza infantil extrema é generalizada, com uma em cada três crianças com menos de 15 anos a viver com menos de dois dólares por dia.

Além disso, mais de um quarto das crianças em idade escolar nunca frequentaram a escola, aumentando o risco de pobreza inter-geracional.

O PAM refere ainda que Angola enfrenta choques económicos e climáticos significativos, que ameaçam o crescimento económico e a segurança alimentar, sendo as pessoas em risco as mais afectadas.

Angola enfrentou também as secas mais severas de sempre das últimas quatro décadas, agravadas pelo El Niño em 2024 [fenómeno climático global, caracterizado pelo aquecimento acima do normal das águas superficiais do oceano], reflectindo-se na redução de rendimento agrícola, perda de rendimentos e de bens, falta de água e deslocações de pessoas, em particular nas regiões sul e leste.

Angola, que conta com cerca de 35 milhões de habitantes, teve um crescimento de quase 4% no ano passado, o mais elevado desde 2014, mas os preços elevados dos alimentos a nível mundial, depreciação cambial e subida dos combustíveis levaram a uma inflação próxima dos 28% no final do ano passado.

Por outro lado, apesar de Angola ter posto em prática o primeiro programa de transferências monetárias directas, o Kwenda, que visa atingir 1,5 milhão de famílias de baixos rendimentos, apenas 10% da população beneficia de um esquema de protecção social.

Em 2024, o PAM chegou a 75 200 pessoas, 55% das quais mulheres e crianças, mas a assistência foi reduzida em 53%, devido a “constrangimentos nos fundos e atrasos nas contribuições”.

O PAM é inteiramente financiado por donativos voluntários de governos, organizações internacionais, empresas e doadores individuais, sendo os EUA o principal doador.

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