País volta à calma após três dias de greve e tumultos em seis províncias. Último balanço aponta para 30 mortos, 250 feridos e mais de mil detidos
O país voltou à calma nesta quinta-feira, 31, após três dias de paralisação dos taxistas que deram origem a violentos tumultos, pilhagens e confrontos entre agentes da Polícia Nacional e civis em seis províncias, provocando 30 mortos, 250 feridos e mais de 1 500 detenções.
O balanço das autoridades, considerado ainda provisório, apresentado nesta quinta-feira, 31, pelo porta-voz da Polícia Nacional, subcomissário Mateus Rodrigues, revela que a paralisação dos taxistas abrangeu as províncias do Bengo, Benguela, Huambo, Icolo e Bengo, Malanje e Luanda.
Segundo o oficial, a situação está agora controlada em todas as províncias, nomeadamente em Luanda, onde foi registado o maior foco de protestos que resvalaram em pilhagens de lojas e supermercados e também na vandalização de infra-estruturas e viaturas.
Nos dois últimos dias de paralisação (29 e 30 de Julho), devido ao clima de insegurança generalizada, registada no primeiro dia (28 de Julho), diversos estabelecimentos comerciais e instituições públicas mantiveram-se encerrados, e muitas empresas recorreram ao teletrabalho, enquanto aguardavam o regresso à normalidade.
Na manhã desta quinta-feira, o trânsito já fluía com regularidade, mas a presença policial nas principais vias da capital ainda é visível.
Na Via Expressa, avenida Fidel Castro Ruz, que liga o Zango a Cacuaco, a circulação faz-se tranquilamente. As bombas de combustível e alguns supermercados, por exemplo, registavam fraca movimentação, com alguns estabelecimentos ainda sob vigilância policial e militar.
No entanto, os armazéns de comerciantes chineses continuam com protecção reforçada, com viaturas da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) a inspeccionar mochilas e pastas de quem acede às superfícies comerciais.
No Golf II, um dos bairros onde mais se verificaram actos de vandalismo, há uma forte presença de pedestres, táxis, lojas abertas e efectivos da polícia em certos pontos, apesar dos rastos de destruição provocados por pneus queimados no asfalto ainda estarem visíveis.
Mototaxistas, assim como os populares ‘azuis e brancos’ (táxis privados), voltaram a circular em maior número.
Os actos de violência registaram-se na sequência de uma paralisação de três dias, convocada por cooperativas e associações de táxis.
Em causa estão as novas tarifas para os transportes públicos colectivos urbanos rodoviários de passageiros (300 kwanzas para táxis e 200 kwanzas para autocarros públicos), ajustados depois do aumento, no início deste mês, do preço do gasóleo, que passou de 300 para 400 kwanzas por litro, no âmbito da retirada gradual pelo governo do subsídio aos combustíveis, iniciada em 2023.