Nigéria. ONG acusa autoridades de serem incapazes de proteger o direito à vida, após 112 assassinatos num mês
A Amnistia Internacional (AI) denunciou, na terça-feira, 10, a violência sofrida nas comunidades dos estados de Kaduna (noroeste) e Plateau (centro-norte), na Nigéria, depois de 112 pessoas terem sido mortas e 160 raptadas num mês, ante a incapacidade das autoridades nigerianas em proteger a vida dos populares.
“A incapacidade das autoridades nigerianas em cumprir a sua obrigação de proteger o direito à vida possibilitou um mês de sangrentos ataques contra agricultores e pastores em partes dos estados de Kaduna e Plateau”, disse a AI num comunicado, citado pela agência noticiosa Efe.
De acordo com as investigações da organização não-governamental (ONG), entre 3 de Julho e 5 de Agosto deste ano, no estado de Kaduna, pelo menos 78 pessoas foram mortas e 160 raptadas por grupos armados, incluindo 121 alunos do ensino secundário, enquanto no estado de Plateau 34 pessoas, incluindo sete pastores, foram mortas.
“As nossas conclusões mostram que, apesar dos claros indícios de que há ataques de represália, não se está a fazer o suficiente para prevenir o derrame de sangue, alimentando o ciclo de violência”, acrescentou a organização.
A directora da AI para a Nigéria, Osai Ojigho, disse que “além de emitir declarações e condenar os ataques após a sua ocorrência, o governo deve deter os atacantes e levar os suspeitos à justiça”.
“As autoridades nigerianas devem agir rapidamente para evitar que tais ataques aconteçam. A resposta lenta das forças de segurança está claramente a levar a um aumento das vítimas”, referiu Ojigho.
Os líderes de algumas comunidades pastoris de Plateau disseram à ONG de defesa dos direitos humanos que a inacção dos agentes de segurança contribuiu para os recentes ataques. Por sua vez, os residentes das comunidades agrícolas afirmaram que pessoas e comunidades inocentes são por vezes objecto destas represálias.
O estado do Plateau sofre há vários anos devido a violentos confrontos entre agricultores e pastores pelo controlo dos recursos hídricos e pelas terras de pastagem.
Embora as disputas por terrenos sejam o principal motivo, a região tem também sido palco de violência motivada por razões étnicas e religiosas.
Kaduna e outros estados do noroeste do país são também palco frequente de ataques mortais por parte de grupos armados, que se envolvem em roubos de gado e sequestros para conseguir o pagamento de resgates.
*Com a Lusa