Movimento Cívico MUDEI repudia “brutalidade e repressão policial” contra mulheres manifestantes no Largo das Heroínas
O Movimento Cívico MUDEI denunciou, neste sábado, 29, em nota de repúdio, “a brutalidade e a repressão policial” de que foram alvos algumas activistas sociais afectas ao colectivo ‘Mulheres Unidas, Somos Mais Fortes’, que pretendiam realizar uma marcha contra a violência do género, em Luanda.
Na manhã deste sábado, no Largo das Heroínas, cerca de dez mulheres acabaram detidas, após a polícia impedir a concentração da referida marcha e ter ignorado a nota protocolada do anúncio do protesto enviada ao Governo Provincial de Luanda (GPL).
Efectivos da Polícia Nacional destacados no local, para onde se deslocaram com bastões e armas de fogo, informaram às responsáveis pelo evento que “não estavam autorizadas manifestações no Largo das Heroínas e nem nenhum espaço da cidade”.
Em reacção à postura e à actuação da Polícia Nacional, o Movimento Cívico MUDEI denunciou aquilo a que considerou “uma repressão ilegal”, agravada ao facto das promotoras do evento terem sido detidas sem cometerem qualquer ilícito criminal.
“O Movimento Cívico MUDEI está cansado! Cansado da brutalidade e da repressão que as mulheres enfrentam por parte da polícia, que deveria protegê-las, e não agredi-las”, denuncia a nota, assinalando:
“Hoje, no Largo das Heroínas, presenciámos um espectáculo deprimente de ameaças, agressões verbais e simbólicas, dirigidas àquelas que ousaram levantar a voz e reivindicar um direito básico. Um direito que, de acordo com o artigo 47.º da Constituição da República de Angola e a Lei das Manifestações, deveria ser sagrado!”.
A nota do MUDEI salienta ainda o facto de as activistas do Colectivo ‘Mulheres Unidas, Somos Mais Fortes’ terem saído à rua, cumprindo todos os procedimentos legais, mas, ainda assim terem sido “tratadas como criminosas”.
“O que ocorreu foi um claro desvio do que a nossa sociedade deve ser: um espaço seguro para todas/os, especialmente para as mulheres que, dia após dia, lutam para sobreviver em meio à violência!”, realça a nota, considerando tratar-se de “um escândalo que, no século XXI, ainda tenhamos que lutar para que as nossas mães, irmãs e filhas possam andar nas calçadas sem medo!”.
“Sentimo-nos obrigadas/os a gritar em voz alta: ‘As mulheres não estão seguras em casa, não estão seguras nos seus bairros, em suas casas e muito menos nas ruas!”, lê-se no documento, tornado público pouco antes depois de as dez manifestantes terem sido postas em liberdade sem, no entanto, serem acusadas de qualquer crime.