Moçambique. Consolidação da “segurança” é prioridade face a “focos” de instabilidade
O Presidente moçambicano considerou esta terça-feira, 20, que a consolidação da segurança nas zonas devastadas pelo terrorismo é a prioridade das forças governamentais, admitindo a prevalência de “focos isolados” de instabilidade em Cabo Delgado e em alguns distritos de províncias vizinhas.
“Permanecem ainda activos focos isolados de terrorismo”, disse Filipe Nyusi, no seu discurso anual sobre o estado da nação na Assembleia da República, em Maputo.
Segundo o chefe de Estado, apesar das operações militares para a consolidação da estabilidade em áreas reconquistadas pelas forças governamentais, com apoio do Rwanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), as autoridades registaram focos de instabilidade em vários pontos de Cabo Delgado e em alguns distritos de províncias vizinhas, com destaque para Memba e Eráti, em Nampula.
“Estes ataques provocaram mortes de inocentes e a destruição de bens de população”, lamentou o Presidente moçambicano.
Apesar dos “focos de instabilidade”, o chefe de Estado moçambicano frisou que as Forças Armadas de Defesa e Segurança de Moçambique continuam em prontidão, num esforço para garantir a paz e estabilidade nos pontos reconquistados e que já recebem populações que decidiram voltar às suas zonas de origem.
“Num balanço geral, nós fomos durante 2022 consolidando a segurança nos locais afectados pelo terrorismo […] Fomos capazes de prestar a assistência humanitária a mais de um milhão de pessoas deslocadas e temos estado a assegurar o regresso voluntário das populações”, declarou Filipe Nyusi.
A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde Julho de 2021 com apoio do Rwanda e da SADC, libertando distritos junto aos projectos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
O Parlamento moçambicano é dominado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), com uma maioria qualificada de 184 dos 250 assentos que compõem a AR, seguida da Renamo, com 60, e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), com seis lugares.