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Ministra Luísa Grilo assume que sistema de ensino angolano está com défice de mais de duas mil escolas e 60 mil professores

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Quase duas semanas depois de a Polícia Nacional ter impedido a realização de uma marcha pacífica pela educação e detido mais de uma dezena de jovens, a ministra da Educação, Luísa Grilo, assumiu, nesta sexta-feira, 9, a necessidade de 2 573 novas escolas para diminuir a quantidade de alunos a estudar em condições precárias e a entrada de novos alunos.

Segundo Luísa Grilo, que falava à imprensa à margem da 12.ª Conferência sobre o Ensino e Aprendizagem e 14.ª Mesa Redonda da Federação Africana das Autoridades Reguladoras do Ensino, que decorre na província da Huíla, é necessário esse número de escolas, com 12 salas de aulas.

Citada pela Angop, a ministra angolana da Educação salientou que o presente ano lectivo contou com 80 novas escolas, totalizando 12 627 escolas em todo o país.

A governante frisou também que há défice de professores, numa estimativa de mais de 60 mil profissionais, número que vai passar por um processo de actualização para aferir o rácio aluno-docente.

Luísa Grito considerou uma “tarefa difícil” ser-se professor em Angola, devido às dificuldades que enfrentam, para que os alunos assimilem os conhecimentos transmitidos — quase que admitindo, de forma indirecta, as causas levantadas pelos estudantes no passado dia 26 de Abril.

“É pena que não olhamos para o professor como a profissão das profissões, porque ninguém se forma sem ele. Portanto, devia ser mais acarinhado, mais valorizado”, referiu Luísa Grilo.

No dia 26 de Abril do corrente ano, dezenas de jovens foram detidos pela Polícia Nacional, em Luanda, quando se preparavam para participar numa marcha pela educação, convocada pelo Movimento de Estudantes Angolanos (MEA).

Os estudantes tinham como objectivo protestar contra as carências nas escolas da capital, nomeadamente contra a falta de água nas escolas, de saneamento básico, de casas de banho, material didáctico e professores.

Em declarações à imprensa, o responsável pela comunicação do MEA, Tavares Gabriel, contou que o movimento informou o Governo Provincial de Luanda (GPL) sobre a iniciativa no dia 14 de Abril, cumprindo o disposto na lei quanto ao aviso prévio, pelo que não havia razões para o impedimento, justificado com uma outra marcha alusiva ao 23.º aniversário da conquista da paz, organizado pelo Conselho das Igrejas Cristãs em Angola (CICA).

“A polícia disse que a marcha não podia sair”, afirmou na altura o dirigente estudantil, salientando que os dois desfiles seriam realizados em locais diferentes, pelo que “não chocavam”.

Boa parte dos estudantes detidos foram postos em liberdade em diferentes pontos de Luanda horas depois, porém, oito deles foram levados às barras do tribunal, sob acusação de terem desobedecido à orientação das autoridades de não se manifestarem, por falta de autorização administrativa.

No entanto, dois dias depois, o Tribunal da Comarca de Luanda (TCL) decidiu colocá-los em liberdade por insuficiência de provas do Ministério Público (MP).

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