Mais de 700 pessoas morreram afogadas nos últimos nove meses em todo o país. Menores dos zero aos nove anos entre as principais vítimas
O Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros (SNPCB) registou, em nove meses, um total de 768 mortes causadas por afogamentos nas praias, rios, mares, lagos e lagoas do país. O maior número de óbitos foi verificado no grupo etário dos zero aos nove anos de idade.
A informação foi avançada nesta quinta-feira, 11, pelo porta-voz do SNPCB, Wilson Baptista, durante a apresentação do ‘Relatório da Época Balnear em Angola’, relativo ao período que vai de 15 de Agosto de 2023 a 15 de Maio de 2024.
O número de mortes representa um aumento de 13% em relação à época anterior, e mais 105 mortes se comparado com o período homólogo.
As províncias de Benguela, Kwanza-Sul, Kuando Kubango, Lunda-Norte, Lunda-Sul, Huambo e Huíla representam cerca de 68% dos casos registados nesse período, ao passo que Luanda aparece com o maior número de incidência de afogamentos nos mares.
No relatório, apresentado em conferência de imprensa, o Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros afirma que a estatística “não reflecte a real situação”, tendo em conta a existência de “casos notificados por desaparecimento sem confirmação de óbito”.
A faixa etária dos zero aos nove anos lidera o índice de afogamentos, devido à falta de supervisão por parte dos adultos, seguindo-se os adolescentes e jovens dos dez aos 25 anos, com as praias marítimas, fluviais, cacimbas e lagos a aparecem nas estatísticas como os principais ambientes de afogamentos.
Características sócio-económicas das populações, fraca fiscalização das zonas proibidas por insuficiência de meios, ausência de uma legislação específica sobre Segurança Balnear, o desrespeito da sinalização das zonas proibidas de prática balnear e falta de barreiras para o controlo de acesso às crianças são apontados como factores de vulnerabilidade.
À imprensa, Wilson Baptista disse que os efectivos da corporação estão sem legitimidade para responsabilizar cidadãos que utilizam as praias proibidas, referindo, no entanto, que o projecto de lei sobre a segurança balnear está já concluído.
“Este projecto de Lei de Segurança Balnear a nível do SNPCB já está concluído, foi já remetido ao Ministério do Interior para as necessárias revisões e neste momento o documento já foi remetido à Casa Militar [do Presidente da República] e corre os seus tramites”, afirmou.