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Mais de 470 crianças morreram este ano no Huambo por motivos de desnutrição

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Mais de 470 crianças morreram este ano na província do Huambo por motivos de por desnutrição, com o desmame precoce a ser apontado como uma das principais causas, anunciaram, nesta quarta-feira, 17, as autoridades sanitárias locais.

Os dados foram avançados pela supervisora local do ‘Programa de Nutrição’, Cármen Catumbela, citada pela Angop, e indicam que, desde Janeiro, morreram desnutridas 476 crianças, na maioria menores de cinco anos, representando um aumento de 190 óbitos em comparação com o ano passado.

Cármen Catumbela revelou ainda que foram diagnosticadas este ano 5 596 crianças com desnutrição contra os 4 526 casos registados em 2024.

A responsável sublinhou que grande parte dos casos estão associados a outras doenças, como a malária — a principal causa de morte em Angola — e também o desmame precoce, tida como a principal causa das mortes por desnutrição.

Os municípios da Caála, Huambo e Londuimbali lideram os casos de desnutrição, apesar de as autoridades sanitárias locais terem intensificado as acções e sensibilização nas comunidades, sobretudo rurais, para reverter este quadro.

“Infelizmente, verificamos que muitas famílias, apesar de disporem de alimentos variados colhidos no próprio campo, como tubérculos, abóboras, soja, leguminosas, vegetais e a criação de galinhas poedeiras, não reconhecem o valor nutricional desses alimentos, nem as diversas formas de confecção, que maximizam o aporte de nutrientes para as crianças”, comentou Cármen Catumbela.

No Huambo, existem 13 unidades especializadas de nutrição, localizadas em 11 dos 17 municípios que compõem a província.

O ‘Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde’ (IIMS) 2023-2024, divulgado em Maio deste ano, revelou que em Angola 40% das crianças menores de cinco anos apresentam desnutrição crónica (muito baixa para a idade); 5% desnutrição aguda (muito magra para a altura); 21% baixo peso (muito magra para a idade) e 3% sobrepeso (têm excesso de peso para a altura).

A publicação, elaborada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), concluiu também que, no que se refere ao aleitamento materno, 95% das crianças nunca tinham sido alguma vez amamentadas, enquanto 33% das crianças de 0-5 meses eram amamentadas exclusivamente.

A desnutrição é a ingestão ou absorção inadequada de nutrientes necessários para satisfazer as necessidades energéticas para o funcionamento normal do corpo ou de crescimento do organismo, podendo resultar em diarreia frequente, cansaço excessivo, diminuição do apetite e inchaço generalizado. Se não for acompanhada e tratada, pode levar à morte.

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