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Kwanza desvalorizou 7% desde Janeiro, mas governador do BNA garante que “não há motivos para pânico”

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O governador do Banco Nacional de Angola (BNA) desdramatizou, na sexta-feira, 19, o facto de a moeda nacional ter desvalorizado 7% face ao dólar norte-americano nos últimos quatro meses. O responsável do órgão responsável pela gestão da política monetária do país disse “não haver motivos para pânico.

José de Lima Massano, que falava no Bié, após a 111.ª reunião do Comité de Política Monetária (CPM), lembrou que o petróleo e gás geram cerca de 95% dos recursos cambiais para o país, o que significa dizer que qualquer alteração nas quantidades produzidas ou preços nos mercados internacionais influi no funcionamento da economia.

“E nos primeiros quatro meses do ano, o que observámos foi uma queda das receitas de exportação”, referiu, indicando que esta se reflectiu na oferta de divisas que foram visíveis também na plataforma Bloomberg FXGO, disponível para as negociações em moeda estrangeira entre grandes exportadores e compradores.

“Sobretudo nos últimos dois meses, registámos uma queda de 40% nessa plataforma de recursos cambiais e passámos a assistir a um conjunto de situações — algumas já tínhamos superado — de operações pendentes”, disse Lima Massano, observando que, em consequência disso, “passaram a receber reclamações sobre operações que não estavam a ocorrer nos prazos devidos”.

“O instrumento que temos de correcção entre oferta e procura é o preço e o que estamos a assistir é a este novo ajustamento, determinado por força do mercado, que está a levar a uma pressão sobre a moeda nacional”, referiu, indicando que, desde Janeiro, o kwanza depreciou 7% face ao dólar norte-americano.

O governador salientou que o BNA tem responsabilidades sobre a estabilidade de preços na economia, sublinhando que a taxa de câmbio é um factor muito importante para formação de preços, mas também é responsável pela manutenção das reservas internacionais, que devem ser mantidas no patamar mínimo de seis meses de importações, em que se encontram actualmente.

Quanto à inflação, José de Lima Massano afirmou que é um tema de grande preocupação para o BNA, “a quem incumbe a responsabilidade de preservar o valor da moeda e o seu poder de compra”, e cuja acção vai no sentido de influenciar a estabilidade de preços na economia.

“A inflação é um mal, gera pobreza (…) Vamos continuar a assegurar estabilidade de preços na economia com os instrumentos que temos à disposição”, garantiu o responsável do BNA.

Este ano, um dos grandes objectivos do BNA passa por trazer a inflação para um intervalo entre nove e 11%, mas é preciso avaliar o impacto da desvalorização do kwanza.

“Continuamos a trabalhar nesse sentido. Veremos agora o que nos traz este impacto da variação mais acentuada do preço da moeda, que acabou por ser um dos motivos que nos leva nesta altura a manter inalteradas as taxas de política monetária”, concluiu.

Recordar que, a nível nacional, o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) compilado pelo Instituto Nacional de Estatística registou uma variação mensal de 0,92%, um certo aumento nos preços de variados produtos no mês de Abril – uma tendência dos últimos três meses, ao passo que a taxa de inflação homóloga fixou-se em 10,59%, aproximando-se do tão esperado um dígito”.

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