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João Lourenço não vai a Moçambique assistir à tomada de posse de Chapo e indica o Chefe da Casa Civil do Presidente da República para o representar

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O ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, foi o nome escolhido pelo Presidente João Lourenço para o representar na cerimónia de investidura de Daniel Chapo, agendada para esta quarta-feira, 15, na cidade de Maputo, capital de Moçambique. O candidato suportado pela Frelimo, proclamado vencedor pelo Conselho Constitucional, tem sido alvo de uma enorme contestação no país.

O comunicado, divulgado nesta segunda-feira, 13, no perfil da rede social Facebook da Presidência da República de Angola, não avança, no entanto, as razões da ausência do chefe de Estado angolano na referida cerimónia, nem se refere à figura da Vice-Presidente Esperança da Costa, uma vez que poderia ser alternativa ao Presidente João Lourenço.

Sabe-se, entretanto, que o Presidente João Lourenço vai ser recebido, na próxima quinta-feira, em Paris, pelo seu homólogo francês, Emmanuel Macron, num encontro para reforçar as relações bilaterais e analisar “grandes questões regionais e internacionais”, de acordo com um comunicado do Palácio do Eliseu.

A visita, segundo o anúncio da Presidência francesa, “inscreve-se na vontade de reforçar os laços políticos, culturais e económicos entre a França e Angola”, numa altura em que o país europeu, que vem perdendo gradualmente a sua influência na região africana do Sahel, tenta reinventar-se, abrindo novas ‘frentes diplomáticas’ em regiões como a África Austral.

A ausência de João Lourenço na cerimónia de investidura de Daniel Chapo é vista como mais uma ‘baixa’ para o candidato da Frelimo, proclamado vencedor pelo Conselho Constitucional das eleições de 9 de Outubro de 2024, uma vez que o chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, também não se vai fazer presente.

As últimas eleições gerais de Moçambique — as Sétimas Presidenciais e Legislativas e as Quartas dos Membros das Assembleias Provinciais e dos Governadores de Província — foram consideradas por vários observadores nacionais e internacionais como as mais fraudulentas em 30 anos de ‘regime democrático’.

Os dados proclamados pelo Conselho Constitucional deram a vitória a Daniel Chapo, da Frelimo, partido no poder há quase 50 anos, com 65,17% dos votos, e o segundo lugar para o Podemos (com 24,19% dos votos); o que adensou ainda mais a onda de manifestações que têm sido reprimidas com violência por efectivos da Polícia da República de Moçambique e da Unidade de Intervenção Rápida (UIR). O número de mortos já ascende os 400.

Venâncio Mondlane, o candidato suportado pelo Podemos, auto-proclamou-se “Presidente eleito pelo povo” e tem convocado várias manifestações. O político regressou do auto-exílio no dia 9 de Janeiro do corrente ano, após dois meses ausente do país, na sequência do duplo assassinato do seu advogado e do mandatário do Podemos, Elvino Dias e Paulo Guambe, respectivamente, a 20 de Outubro de 2024.

Daniel Chapo vai tomar posse como quinto Presidente de Moçambique, sucedendo a Filipe Jacinto Nyusi, num ambiente de tensão social e política e, acima de de tudo, de contestação por conta da fraude eleitoral denunciada por várias vozes.

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