Inflação galopante força BNA a mexer mais uma vez nos juros. Taxa básica sobe para 19,5% e a de facilidades de liquidez para 20,5%
O Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA) decidiu, mais uma vez, aumentar as suas principais taxas de juro, decisão justificada pela “persistência de pressões inflacionistas na economia”.
Visando contribuir para o controlo da liquidez em circulação, as medidas foram anunciadas na tarde desta sexta-feira, 17, pelo governador do banco central, Manuel Tiago Dias, em conferência de imprensa, após reunião do comité, em Luanda.
Deste modo, a taxa directora (conhecida como taxa BNA) sai dos 19% para 19,5% e a taxa de juro de ‘Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez’ de 19,5% para 20,5%.
O banco central decidiu também manter a taxa de juro da ‘Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez’ em 18,5% e aumentar o coeficiente das reservas obrigatórias em moeda nacional de 20% para 21%.
Este aumento das principais taxas acontece numa altura que o país regista uma inflação descontrolada que já cresce há 12 meses consecutivos, tendo atingindo os 28,02% em Abril (um máximo de quase sete anos) e uma variação homóloga de quase 40% em Luanda.
De acordo com o governador Manuel Tiago Dias, as decisões do CPM foram “motivadas pela persistência das pressões inflacionistas” e visam contribuir para o “controlo da liquidez em circulação”.
Falando no final da reunião ordinária, Manuel Tiago Dias destacou os dados recentes do Instituto Nacional de Estatística referentes ao mês de Abril, referindo que o aumento do preço dos alimentos “resulta, fundamentalmente, da insuficiente oferta de produtos de amplo consumo na economia, tendo em conta a redução das importações que não tem sido compensada na mesma magnitude pelo aumento da produção nacional”.
Em relação ao stock de crédito à economia em moeda nacional, revelou ter atingido os 4,72 biliões de kwanzas em Abril, representando um aumento de 150 mil milhões de kwanzas em termos acumulados no ano de 2024.
O saldo superavitário acumulado da conta de bens nos meses de Março e Abril de 2024 fixou-se em 4,3 mil milhões de dólares norte-americanos, situando-se acima dos 3,3 mil milhões de dólares registado nos dois meses anteriores.
“Em termos acumulados, o saldo da conta de bens atingiu 7,6 mil milhões de dólares acima dos 6,4 mil milhões de dólares do período homólogo, correspondendo a um aumento de 19,04%”, frisou.
Por sua vez, o stock das Reservas Internacionais Líquidas fixou-se em 14,5 mil milhões de dólares no mês de Abril, o que corresponde a um grau de cobertura de 7,43 meses de importação de bens e serviços.
A próxima reunião do CPM acontece nos dias 18 e 19 de Julho, na província do Kuando Kubango.