INE recua da decisão de divulgar os dados preliminares do Censo de 2024 e avança com os definitivos já na segunda quinzena de Novembro
O Instituto Nacional de Estatística (INE) decidiu recuar da anterior decisão e avançar com a publicação dos resultados definitivos do Recenseamento Geral da População e Habitação do ano 2024 já na segunda quinzena de Novembro — uma antecipação significativa face ao cronograma inicial, que apontava para finais de 2026.
Segundo uma nota do INE, divulgada nesta quinta-feira, 25, e consultado por este portal, a decisão decorre dos “progressos assinaláveis registados nas fases de tratamento, apuramento, análise e validação dos dados do Censo 2024”.
Neste contexto, refere a nota, “a divulgação dos resultados preliminares, prevista para finais deste mês, já não será realizada, considerando que a nova estratégia de trabalho privilegia a divulgação directa dos resultados definitivos, assegurando informação mais consistente e consolidada para o público em geral”.
O Censo 2024 foi executado em torno de algumas imprecisões. Primeiro o INE adiou o seu início, originalmente previsto para Julho, para o dia 19 de Setembro de 2024 devido a questões logísticas.
Em Outubro, quando se esperava o seu encerramento, houve a segunda prorrogação.
O processo de colecta de dados foi estendido por mais 30 dias para garantir que a contagem das famílias fosse concluída, o que acabou por prolongar os trabalhos até Dezembro daquele ano para o seu desfecho.
Entretanto, durante o processo de recolha, diversos órgãos de comunicação social e distintos cidadãos apontaram para uma série de falhas logísticas e operacionais que geraram dúvidas sobre a integridade e cobertura do Recenseamento Geral da População e Habitação (RGPH 2024).
Entre os problemas apresentados, os queixosos denunciaram a existência de ‘falhas de cobertura e invisibilidade’, isto é, muitos cidadãos, especialmente em Luanda e outras áreas urbanas, afirmaram que nenhum recenseador bateu à sua porta.
Houve relatos de recenseadores que apenas colocavam o selo nas residências (indicando que a casa tinha sido listada), mas não voltavam para realizar a entrevista completa com o agregado familiar.
A UNITA e distintos cidadãos nas redes sociais apontaram para um processo de recrutamento de agentes censitários com falta de transparência e um treinamento inadequado, especialmente no uso dos tablets para a colecta digital.
Outro problema foi apresentado pelos próprios recenseadores que, em meio a transtornos de vária ordem, reportaram falta de meios de transporte e problemas com a falta de alimentação, o que teria dificultado o acesso a várias áreas.
Estes, através de vídeos divulgados nas redes sociais, denunciaram também a substituição de técnicos devidamente formados por estagiários com défice de conhecimento, o que comprometeu a qualidade do trabalho em campo.
Em Setembro do mesmo ano, quando falava à imprensa, na província do Moxico, o ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República, Francisco Pereira Furtado, também coordenador do Censo 2024, reconheceu os transtornos, mas garantiu, na altura, que já estavam superados, tendo pedido na ocasião a colaboração da população.
“Constatamos, sim, algumas insuficiências, nomeadamente com os tablets, muitos deles não configurados, mas este processo já foi concluído”, frisou.
O país realizou, em 2014, o primeiro Recenseamento Geral da População e Habitação depois da Independência, no período de 16 a 31 de Maio, que estimou a população angolana em 25 milhões 789 mil e 24 habitantes.